Título: Alta da nafta ofusca brilho das petroquímicas
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 31/07/2006, Empresas &, p. B1

O panorama das empresas petroquímicas, que já não era dos melhores, vão aparecer piores nos balanços das empresas relativos ao segundo trimestre. A culpa permanece a mesma, embora o problema tenha se aprofundado: a alta sem precedentes da nafta (principal matéria-prima), que aumentou quase 12% no período.

Nem o aumento no volume de vendas nem o reajuste de preços efetuados no trimestre conseguiram compensar a disparada da matéria-prima que representa cerca de 70% dos custos das companhia, avaliam analistas. No início de julho, a nafta superou US$ 615 por tonelada. Tampouco os resultados financeiros puderam ajudar o desempenho devido à estabilidade cambial no período.

A Copesul, única petroquímica a anunciar suas demonstrações financeiras até agora, teve queda de 14,7% no ganho do trimestre, para R$ 135 milhões, em relação a igual período de 2005. O resultado foi atribuído à alta da nafta, mas também ao efeito "Riopol" no mercado de polietileno, a resina mais usada pela indústria do plástico.

A Rio Polímeros (Riopol), a empresa do pólo gás-químico do Rio de Janeiro, começou a operar em março. O ingresso da produção da companhia no mercado deve trazer margens operacionais mais magras das companhias petroquímicas nacionais, prevêem os analistas. Os sócios da Riopol projetam que a empresa produzirá 370 mil toneladas de polietileno em 2006, das quais dois terços destinados ao mercado interno (245 mil toneladas). Isso significa uma oferta adicional de 11% do total da capacidade de produção deste tipo de resina no país.

O efeito, contudo, pode ser reduzido. "Estimamos baixa utilização da capacidade no início das operações da Riopol, buscando reduzir o impacto do eventual excesso de oferta no mercado interno sobre o preço de venda", disse o analista Marcos Paulo Pereira, da corretora Fator. Ele projeta uma queda da margem da Politeno, cujo controle integral foi adquirido pela Braskem, para 2,5% no segundo trimestre, diante dos 7,1% observados em igual período do ano passado. Procurada, a Riopol não retornou o pedido de entrevista.

Na projeção da corretora Fator, a Braskem, que divulga seu resultado na quinta-feira, deve apurar lucro de R$ 38,2 milhões no segundo trimestre, queda 91% sobre o ganho do ano passado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a companhia, controlada pelo grupo Odebrecht, teve problemas operacionais na unidade que produz PVC, resina usada na construção civil.

De acordo com a corretora, a Unipar, cujo balanço será conhecido na metade do mês, deve anunciar ganho de R$ 41,4 milhões, queda de 6%. E a Suzano Petroquímica, que prevê revelar os resultados no dia 9, teria fechado com prejuízo de R$ 26 milhões, invertendo o ganho de R$ 8,5 milhões obtido em igual trimestre de 2005.