Título: Alemanha e França exigem novas medidas da Itália
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Fonte: Valor Econômico, 24/10/2011, Especial, p. A12

A Alemanha e a França, as duas maiores economias da Europa, exigiram ontem que a Itália adote novas medidas de austeridade para reduzir sua enorme dívida pública e tentar recuperar a confiança dos mercados, que continuam colocando o país sob pressão.

Angela Merkel, a chanceler alemã, e o presidente francês Nicolas Sarkozy, deram um puxão de orelha publicamente no chefe do governo italiano Sílvio Berlusconi, a quem receberam depois de ter conversado com o primeiro-ministro grego, colocando simbolicamente a situação dos dois países quase no mesmo nível.

Merkel, uma vítima constante das ironias de Berlusconi por causa de seu peso, disse que a Itália tem que adotar novas medidas de austeridade para "viver de acordo com seus meios" e baixar a dívida hoje equivalente a 120% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Todos temos que estar a altura de nossas responsabilidades", afirmou Sarkozy, observando que da mesma maneira que a Alemanha e a França estão sendo solidárias com os outros países, tentando ajudar a resolver os problemas, estes devem fazer sua parte também.

Os dois lideres compararam, em tom elogioso, na entrevista, a Irlanda, que sai de "águas turbulentas"; a Espanha, que está no mesmo caminho; e Portugal, que também "está se saindo bem".

Merkel disse que a crise atual não é crise do euro e sim de décadas de endividamento. Sarkozy acrescentou que, no passado, outros líderes deixaram entrar na zona do euro países que não respondiam a nenhum critério para integrar o espaço da moeda comum e relaxaram nos gastos. Uma das questões importantes a ser decidida é sobre a ampliação do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, justamente para criar uma espécie de barreira e evitar um contágio na Itália e Espanha.

A chanceler alemã colocou ontem na agenda da cúpula dos 27 membros da UE a questão da disciplina orçamentária. Ela defendeu mudanças nos tratados europeus, para que, na prática, a UE possa punir países que não respeitarem o equilíbrio das contas públicas. (AM)