Título: Instituições privadas intensificam ação no segmento
Autor: Aguilar, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 26/10/2011, Especial, p. F4

Com o objetivo de conquistar pessoas sem acesso às fontes convencionais de crédito, os bancos privados estão intensificando a atuação de agentes para ofertar o microcrédito produtivo orientado. Entre as instituições financeiras privadas, o Santander vem se destacando nessa área. De 2002 até junho deste ano, o banco concedeu R$ 1 bilhão em empréstimos a 210 mil pequenos empreendedores.

"Nos últimos três anos, o Santander registra crescimento médio de 25% ao ano no desembolso do microcrédito em comunidades de São Paulo (como Heliópolis e Paraisópolis) ou localidades e distritos da região Nordeste", informa o superintendente de microcrédito do banco, Jerônimo Ramos.

De janeiro a junho deste ano, o desembolso de microcrédito produtivo orientado somou R$ 183,6 milhões, alta de 18% em relação aos R$ 155,3 milhões registrados no mesmo período de 2010. "O desembolso aos microempreendedores intensifica-se sempre no segundo semestre, quando a demanda fica mais aquecida", afirma.

Hoje, a região Nordeste representa 80% da carteira de microcrédito produtivo orientado do Santander. Os Estados com maior participação são Pernambuco, com aproximadamente 25 mil clientes, Paraíba, com 19 mil e São Paulo, com 4 mil clientes. As mulheres representam quase 70% da base.

Cerca de 250 agentes de crédito visitam os microempreendedores para orientação financeira e planejamento do pagamento do empréstimo. Os financiamentos variam de R$ 200 a R$ 15 mil e as parcelas de amortização vão de 4 a 24 meses. O tíquete médio do empréstimo está em torno de R$ 1.489, 00. A taxa de juro média do financiamento é de 2% ao mês.

"O perfil do cliente do microcrédito tem amadurecido. A partir do momento que o microempreendedor renova o crédito, com pontualidade no pagamento, intensificamos o relacionamento. Hoje, a taxa de renovação está na faixa de 80%. Trata-se de uma clientela fiel", explica Ramos. O índice de adimplência do microcrédito no Santander está em 97%, com taxa de perda que não chega a 0,5%.

No Itaú Unibanco, os agentes vão até os clientes - microempreendedores, em geral das classes D e E. O Itaú mantém uma carteira de 4 mil clientes ativos de microcrédito. Do total, 81,52% são microempreendedores informais. Os empréstimos vão para comunidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Desde 2003 até junho de 2011, houve 32 mil operações, com desembolsos de R$ 98,6 mil.

Com empréstimos que variam de R$ 400,00 a R$ 14,2 mil, o tíquete médio fica em R$ 2,8 mil, pagos no prazo de 10 a 12 meses. Segundo o responsável pela operação de microcrédito do Itaú, Carlos Ximenes, para que os agentes de crédito passassem o dia na periferia, visitando e assessorando os microempreendedores, foram desenvolvidos sistemas tecnológicos para smartphones, com o objetivo de reduzir de sete para até um dia o prazo de concessão de crédito, eliminando o papel na operação.

"Do campo de atuação, o agente envia os dados do cliente para a área de crédito do banco. Há 18 meses, a metodologia de crédito e de risco para os microempreendedores está em contínuo aprimoramento", afirma Ximenes.

Há cinco anos, a Fundação Citi (Citi Foundation) atua no microcrédito produtivo orientado de maneira indireta no Brasil, repassando recursos para organizações que capacitam os agentes de crédito e microempreendedores do setor formal e informal.

A Fundação Citi destinou R$ 4 milhões a projetos que envolvem programas de educação financeira, microfinanças, empreendedorismo, geração de renda, entre outros. Desse total, 65% foram para organizações que atuam com o microcrédito produtivo e orientado para empreendedores.

"Repassamos para as organizações recursos a fundo perdido, ou seja, sem necessidade de reembolso", explica a superintendente de assuntos corporativos do Citi Brasil, Priscilla Cortezze. O acompanhamento da aplicação dos recursos é feito por meio de visitas, metas e relatórios semestrais.

A fundação mantém parceria com quatro organizações que orientam e dão suporte aos microempreendedores: a Agência Nacional de Desenvolvimento Microempresarial (Ande), com sede no Recife; Centro de Apoio ao Pequeno Empreendedor (CEAPE) do Maranhão; Banco Pérola, com sede em Sorocaba (SP); e Organização Não Governamental (ONG) Acreditar, em Pernambuco.

Desde 2005, a fundação promove o Prêmio Citi Melhores Microempreendimentos. "A premiação destaca iniciativas que mostrem como o microcrédito permitiu o desenvolvimento pessoal, o crescimento da empresa, a geração de renda e qualidade de vida às pessoas que vivem nas comunidades", explica a gerente de sustentabilidade do Citi Brasil, Daniela Stucchi. Na 7ª edição, o prêmio recebeu cerca de 500 inscrições, três vezes mais do que o número de inscritos no ano anterior.