Título: Comunidade Sul-Americana terá PIB de US$ 1 trilhão, diz governo
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2004, Brasil, p. A3

O acordo entre o Mercosul e a Comunidade Andina abre caminho para formar uma zona de livre comércio com US$ 1 trilhão de Produto Interno Bruto (PIB) e 350 milhões de habitantes. Os cálculos do Itamaraty levam em conta as economias de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, além do Chile, país com o qual o Brasil possui também possui um acordo de livre comércio. Para diplomatas do Ministério das Relações Exteriores, essas cifras demonstram a importância comercial e o potencial de negócios do acordo fechado com a Comunidade Andina. "Nós não entramos nesse processo de integração para ter ganhos imediatos", avalia um diplomata que participou das negociações. O MRE ressalta a importância estratégica do acordo com os andinos para a formação da Comunidade Sul-Americana das Nações. Com o acordo, a iniciativa não é apenas teórica, mas prática. Além disso, é preciso apostar na integração da infraestrutura do continente. Os negociadores reconhecem que foi preciso levar em conta a assimetria entre os países para fechar o acordo por conta do impasse nas negociações, que já duravam oito anos. "A partir de 2003, percebemos que, para fechar o acordo, precisaríamos de uma margem de flexibilidade", afirma um diplomata. Fontes do Itamaraty acreditam que, por conta do superávit comercial com esses países, o Brasil tem condições de fazer concessões enquanto aguarda a a abertura dos mercados dos países vizinhos. "Com esse superávit, temos um colchão", diz uma fonte. Os negociadores rebatem as críticas de que o acordo é muito complicado e pode gerar confusão nas alfândegas. "Todo acordo de livre comércio é complexo, porque abrange o universo tarifária total e tem várias disciplinas como normas técnicas e fitossanitárias", explica um diplomata. Segundo o Itamaraty, o acordo será assinado pelos representantes dos países depois de sua revisão pelos técnicos da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). E só entrará em vigor após ser internalizado pelos países membros. Não há prazo para a adoção do acordo no Brasil, mas o governo quer concluir o processo no início de 2005.