Título: Alckmin diz que Lula repete fórmula de Malan
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2006, Política, p. A11

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, criticou o governo Lula por promover um crescimento econômico pífio, mesmo diante do cenário de liquidez internacional. Segundo o candidato tucano, a administração petista promove uma política monetária que repete a fórmula da gestão Pedro Malan (ministro da Fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso), uma política cambial que provoca a exportação dos empregos e uma política fiscal frouxa, que não contém propostas para restringir o aumento do gasto público. sérgio lima/folha imagem Alckmin: "Este governo viu o cavalo encilhado passar pela sua frente durante estes quatro anos e não montou. Crescer 2,3% é vergonhoso"

"Este governo viu o cavalo encilhado passar pela sua frente durante estes quatro anos e não montou. Crescer 2,3% diante do desenvolvimento da China, Índia e do próprio Estados Unidos é vergonhoso", disse o tucano em entrevista concedida, em Brasília, onde passou 24 horas em negociações políticas.

Alckmin ironizou declarações dadas por Lula dizendo que o país não tem pressa para crescer. "Em nosso governo, será justamente o contrário. Temos sim, pressa para promover o crescimento. Estamos perdendo oportunidades, a carga tributária já está em 39% do PIB e os investimentos estão minguando", enumerou. Apesar de criticar a elevada taxa de juros no país, lembrando que o governo gasta R$ 156 bilhões com o pagamento dos encargos da dívida, Alckmin afirmou que não pretende interferir na política conduzida pelo Banco Central, caso venha a ser eleito. "O BC hoje só tem autonomia operacional. De qualquer forma, para mim não é prioridade discutir este assunto, minha prioridade é uma agenda de crescimento".

O tucano afirmou que seu governo será marcado pela inclusão social, com geração de empregos e aumento na renda do trabalhador. "Com a retomada nas taxas de desenvolvimento, os empregos vão surgindo, o câmbio vai atingindo uma situação de equilíbrio. Mas é preciso governar. Hoje, o melhor negócio não é trabalhar, é rolar a dívida pública e viver de juros", criticou o candidato do PSDB.

O presidenciável aproveitou para avaliar também a propaganda eleitoral do PT, comparando a gestão de Lula com os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Alckmin confirmou a decisão do PSDB de entrar na justiça eleitoral alegando que os petistas estão fazendo campanha eleitoral antes do prazo previsto pela legislação. Ontem, mesmo, o PSDB protocolou junto ao Tribunal Superior Eleitoral representação contra o diretório nacional do PT pelas inserções nacionais feitas em cadeia de televisão. "A lei precisa ser respeitada, estamos em pré-campanha. Depois das convenções partidárias de junho podem fazer as comparações que quiserem. Até porque não temos medo de cara feia", disse o ex-governador de São Paulo.

O PSDB também questionou na Justiça a edição de uma revista da CUT, com circulação inicial de 1,5 milhão de exemplares, criticando as administrações do PSDB. "Nós já ganhamos em primeira instância, mas eles alegaram que mais de um milhão de revistas já tinham sido distribuídos. Quem pagou esse material? Foi o dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)"? Segundo Alckmin, tudo isso sinaliza um péssimo início de disputa eleitoral, tanto da parte de Lula quanto da parte do PT. O tucano também elevou o tom, dizendo que a campanha será o momento de apresentar propostas e não, fazer bravatas. "Toda vez que eles desrespeitarem a lei, nós vamos à Justiça".

Alckmin não compartilha a idéia de propor abertura de um processo de impeachment contra Lula. No dia 8 de maio, esta questão será apreciada no Conselho Federal da ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Estamos próximos do início do processo eleitoral e, nesta época, o foco deve ser a opinião dos eleitores. São eles que devem decidir quem governará o Brasil. Para Alckmin, antes de se falar de impeachment, é fundamental aprofundar e concluir as investigações de corrupção no governo.