Título: Bancos financiam casal gay
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 27/08/2010, Economia, p. 17

Demanda crescente por crédito para comprar imóvel leva instituições a liberar a composição de renda até entre pessoas do mesmo sexo

A demanda de casais do mesmo sexo por financiamento imobiliário vem crescendo nos últimos 10 anos. De olho nesse mercado, o Banco do Brasil acaba de criar um produto específico para esse público, que pode render cerca de R$ 60 milhões até o fim do ano e que tende a crescer de 10% a 15% no período. O processo começou em 20 de agosto e as mesmas regras vão valer para o popular programa Minha Casa, Minha Vida, uma das bandeiras eleitorais do governo do presidente Lula.

Segundo José Henrique Silva, gerente-executivo de Crédito Imobiliário do BB, inicialmente, não havia pretensão de alavancagem dos negócios. Antes, os empréstimos só eram concedidos para heterossexuais casados ou em união estável. Constatamos a necessidade e mudamos algumas regras para tornar possível a entrada de casais do mesmo sexo, explicou.

Silva avalia que deverão ser concretizadas cerca de 500 operações até o fim do ano, com valor aproximado de R$ 120 mil cada, incluindo a modalidade de consórcio de imóveis. Ele prevê também a possibilidade de venda de outros produtos bancários, como seguros e cartão de crédito para os novos compradores.

Empréstimo fácil Para conseguir o crédito, os trâmites burocráticos são os tradicionais: comprovação de renda e de capacidade financeira. No caso dos homossexuais, a relação deve ser comprovada pelos parceiros. De forma verbal e rápida, garantiu Silva. Ele explicou que o Banco começou agora nesta área, porque só está há três anos no mercado imobiliário, depois da aquisição da Nossa Caixa.

O programa Minha Casa, Minha Vida já permitia composição de renda entre pessoas com todos os tipos de relação, contou João Martins Falcar, gerente-executivo de Empréstimo e Financiamento do BB. E na medida em que os casais homossexuais solicitavam financiamento, os créditos foram liberados diretamente nos estandes das construtoras. Já temos umas oito mil unidades negociadas, disse.

Outros bancos aproveitam o filão há muito tempo, como Caixa Econômica Federal, Itaú-Unibanco e Banco Santander. O Santander, de acordo com Nerian Gussoni, superintendente de Negócios Imobiliários, há 10 anos permite todas as composições de renda: entre amigos, parentes, casais hetero ou homossexuais. Sempre enxergamos um pouco mais longe. Estudamos muito as tendências, disse Nerian. Nunca fizemos separação para não passar conotação preconceituosa, em respeito ao consumidor, concluiu.

Antes, os empréstimos só eram concedidos para heterossexuais casados ou em união estável. Constatamos a necessidade e mudamos algumas regras para tornar possível a entrada de casais do mesmo sexo

José Henrique Silva, gerente-executivo de Crédito Imobiliário do BB