Título: Aliados de Marta querem buscar apoio além do eleitorado petista
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2010, Política, p. A8

de Brasília

Aliados da ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) têm alertado a candidata sobre a necessidade de buscar apoios além do eleitorado petista para garantir uma eleição tranquila ao Senado, em São Paulo. Para eles, Marta, que lidera as pesquisas com 43% de intenções de voto em recente pesquisa Datafolha, tem que se aproximar dos demais candidatos da chapa de oposição no Estado - Netinho de Paula (PCdoB) ou Gabriel Chalita (PSB) - ou buscar o segundo voto da chapa governista, composta por Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) e Orestes Quércia (PMDB). A opinião não é unânime no núcleo petista. Um dos principais articuladores da campanha, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), acredita que os votos petistas darão uma margem boa para Marta. Por isso, avalia, a preocupação central deveria ser assegurar o voto da militância petista, que representa 30% do eleitorado estadual. Nas últimas eleições para governador, vencidas pelo tucano José Serra, o atual pré-candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, senador Aloizio Mercadante, teve 35% dos votos válidos e o partido elegeu 20% da bancada federal paulista. Os defensores de um voto mais diversificado amparam-se nos recentes números divulgados pelo Datafolha. Marta aparece com 43%, seguida por Romeu Tuma, do PTB (28%), Netinho de Paula (25%), Quércia (24%), Chalita (10%) e Nunes Ferreira (4%). Apesar de aparecer em último lugar, Aloysio Nunes Ferreira, recém-escolhido como o candidato do PSDB ao Senado, teria potencial de crescimento amparado na máquina tucana estadual e na campanha de Geraldo Alckmin ao governo. E como Tuma aparece em segundo com quase 30% das intenções de voto, a análise de alguns petistas ouvidos pelo Valor é que não é prudente se acomodar nos 43% contabilizados até agora. Não está definido, contudo, onde Marta deve garimpar apoios. Gabriel Chalita, do PSB, pode ser uma boa opção. Até recentemente filiado ao PSDB, o ex-secretário de Educação da gestão Alckmin ainda é visto com simpatia por um amplo eleitorado tucano. Chalita também é próximo dos carismáticos, segmento da Igreja Católica que tem bastante força em São Paulo, especialmente na programação da Rede Canção Nova. Mas estar ao lado de Chalita ainda depende de uma decisão do PSB sobre a candidatura do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ao governo de São Paulo. Se Skaf não sair candidato - possibilidade cada vez mais remota -, Chalita passa a ser uma opção. A situação em relação ao vereador Netinho de Paula (PCdoB) é diferente. Netinho esteve ao longo deste fim de semana ao lado de Mercadante na grande São Paulo, com eventos em Itapevi, Jandira, Barueri e Carapicuíba, chegou a ser chamado pelo petista de "mano senador". Ex-pagodeiro e ex-apresentador de televisão, contudo, Netinho tem exatamente o mesmo eleitorado de Marta Suplicy - os moradores da periferia e das áreas mais pobres e afastadas da capital paulista. É esse perfil que leva a petista a resistir em apoiar o vereador e a evitar a agenda conjunta. A região visitada por Mercadante e Netinho é o berço político do vereador. A agenda, que incluiu elogios públicos de Mercadante a Netinho, faz parte da estratégia do pré-candidato de afagar o provável companheiro de Marta na disputa pelo Senado. Para que a dobradinha com Netinho seja proveitosa para Marta, avaliam petistas experientes em campanhas paulistas, seria importante um compromisso de voto casado: todos aqueles que votarem em Marta dariam o segundo voto para Netinho e vice-versa. Uma outra saída seria Marta apresentar-se como opção para o segundo voto da chapa PMDB-PSDB. Segundo alguns analistas políticos, os eleitores tradicionais do PSDB paulista jamais votarão em uma petista. Mas ela teria uma margem de ação entre aqueles que votaram em Serra em 2006 pela figura do presidenciável, não pela filiação partidária - algo similar ao eleitor lulista mas que se recusa a votar no PT. Ou apresentar um discurso aos eleitores pemedebistas, aproveitando o fato de o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), estar praticamente certo como vice na chapa presidencial de Dilma Rousseff (PT). A decisão sobre a chapa petista deve ser tomada na próxima semana. A pressa aumentou depois que os tucanos definiram na segunda-feira quem serão seus candidatos. (Com agências noticiosas)