Título: Brasil será base na expansão da IP
Autor: Ivo Ribeiro e André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2004, Empresa, p. B4

Celulose e papel Grupo americano, líder mundial, refaz estudo para fábrica no Mato Grosso do Sul

O Brasil está escalado em um seleto grupo de países para fazer parte da plataforma de expansão da International Paper (IP) fora dos Estado Unidos. "O Brasil, absolutamente, pode ser considerado em nossos planos futuros", afirmou John V. Faraci, chairman e principal executivo (CEO) da companhia americana, que fatura US$ 25 bilhões e é a maior fabricante integrada de papel do mundo. Faraci fez uma visita de poucos dias ao país, onde o grupo tem operações em São Paulo, Paraná e Mato Grosso Sul. Entre encontros com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro de Indústria, Comércio e Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, na segunda-feira, ele concedeu entrevista exclusiva ao Valor. Segundo Faraci, o Brasil tem grande potencial para investimentos em projetos de celulose e papel, pois dispõe de baixo custo de produção, o que o torna bastante competitivo em produtos para exportação. "Vamos crescer investindo nos EUA, mas a ênfase será dada aos investimentos fora do mercado americano", afirmou. Na lista de novas fronteiras para a IP estão o Leste europeu, Brasil e China. Ele exemplificou que neste ano a companhia fez uma aquisição de US$ 250 milhões no Leste europeu para crescer no negócio de papel. "Também estamos olhando oportunidades no Brasil", acrescentou. O segmento de caixas para embalagens é uma das possibilidades no país. Nos planos traçados por Faraci, que se tornou chairman da IP há um ano, a meta é fazer com que 50% das receitas sejam obtidas fora dos EUA. Hoje, 75% das vendas de US$ 25 bilhões se concentram no mercado americano. "Gostaria de balancear essas participações e cinco anos é um prazo razoável para isso", ressaltou. As operações brasileiras, que devem crescer cerca de 5% em dólar, representam US$ 630 milhões - menos de 3% do total da companhia. A empresa tem fábricas em Mogi Guacu (SP), no Paraná (a antiga Inpacel e uma madeireira) e no Amapá, antes chamada Amcel, qua faz cavacos de madeira. Além disso, dispõe de uma ampla base florestal em Três Lagoas (MS). Depois de perder há menos de três semanas a disputa pela aquisição da Ripasa, vencida pelos grupos Suzano e Votorantim, a IP deve definir, em 2005, o futuro de seu projeto industrial em Três Lagoas. "Estamos refazendo os estudos para identificarmos qual a melhor opção. Devemos tomar uma decisão sobre o que fazer no ano que vem", disse o novo presidente da IP no Brasil, Maximo Pacheco, que assumiu o comando da subsidiária em outubro. Desde o fim dos anos 80, a IP faz o plantio de eucaliptos na região sul-mato-grossense, quase fronteira com São Paulo. Hoje, possui mais de 60 mil hectares plantados e outros 20 mil hectares de reservas legais. Em seu segundo ciclo de crescimento, as árvores já cortadas abastecem a própria empresa e são vendidas a fabricantes como a (VCP). A madeira excedente voltou a gerar especulações sobre um projeto industrial de grande envergadura tocado pela própria IP. "Certamente, Três lagoas é uma opção em nosso programa de expansão, pois o investimento florestal está bem desenvolvido e pronto", afirmou Faraci. O executivo disse que o grupo está aplicando este ano, mundialmente, US$ 1,3 bilhão apenas nos ativos existentes. Em aquisições, nos EUA e fora, o valor chega a US$ 750 milhões. "O Brasil é muito estratégico. Temos experiência, base florestal, manufatura e capital humano", afirma o presidente da subsidiária brasileira. Ao assumir o cargo, Pacheco, chileno de nascimento que trabalha para a companhia desde 1994, foi encarregado da revisão dos estudos e dar uma palavra definitiva sobre a viabilidade de crescimento à matriz. Do leque de negócios, que incluem as áreas de florestas, papéis e de embalagens, a única que não está presente no Brasil é a de embalagens. Pacheco diz apenas está avaliando a possibilidade de entrar neste segmento em que é líder mundial. "Meu chefe sempre me pede prazo para a definição do projeto. Ainda não respondi e ele está começando a ficar nervoso", brinca.