Título: Compradora é desconhecida na Argentina
Autor: Chico Santos e Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2005, Brasil, p. A3

A concessão de áreas de exploração de petróleo no Brasil à argentina Oil M&S foi recebida com surpresa no próprio país de origem da companhia, já que a empresa existe apenas desde 2001 e é virtualmente desconhecida. Segundo um executivo da indústria petrolífera ouvido pelo Valor, a notícia surpreendeu o mercado local e as próprias empresas que atuam na Argentina estavam ontem tentando obter informações sobre a companhia. Ao mesmo tempo, um dirigente da empresa que adquiriu 43 blocos para exploração no Brasil com oferta de R$ 640 mil deu a entender que seus planos são ambiciosos. "Nosso interesse é fazer com que a companhia tenha relevância no mercado argentino, e é provável que nos próximos 12 meses nossos valores de produção sejam significativos, colocando-nos entre as dez maiores empresas do setor", disse ao Valor Fabián de Sousa, vice-presidente da Oil M&S. Segundo Sousa, até agora a petroleira com sede na cidade de Comodoro Rivadavia (província de Chubut), na Patagônia argentina, vem prestando serviços para outras empresas, mas deve iniciar em breve o primeiro projeto de exploração liderado por ela na Argentina. Além de Chubut, a empresa possui operações em Buenos Aires, Santa Cruz, Mendoza e Neuquén. Há dois meses, a Oil M&S obteve sua primeira concessão local, para reativar áreas de exploração na província de Chubut. "Fazemos todo o serviço de operação de campos, desde a construção do poço ao tratamento do petróleo para a venda", afirmou Sousa. Entre as companhias para as quais trabalha, Sousa mencionou Repsol YPF, Petrobras e Pan American, e disse também que a exploração dos poços em Chubut não será feita em associação com a Enarsa, a estatal de energia criada no ano passado pelo governo. O foco da empresa é a exploração de petróleo e gás em terra, e Sousa afirmou que a companhia conta com um total de 1,7 mil trabalhadores, entre empregados e pessoas que realizam atividades de maneira terceirizada. Segundo ele, a maioria do quadro fixo da empresa é formado por ex-funcionários da YPF, antiga estatal de petróleo argentina que foi privatizada durante o governo do ex-presidente Carlos Menem. A companhia é presidida por Cristóbal Manuel López, um empresário que também possui a concessão de cassinos na região sul do país e explora máquinas caça-níqueis instaladas no hipódromo de Palermo, na capital portenha. De acordo com a imprensa argentina, López é muito próximo ao presidente argentino, Néstor Kirchner. Sobre a entrada no negócio de exploração no Brasil, Sousa avaliou que existem boas oportunidades para sua empresa, porque no país há pouca atividade de prospecção em terra firme. Segundo ele, há "indícios de que podemos fazer um trabalho sério de exploração e busca que nos permitirá crescer fora de nosso país". Marcelo da Fonseca, representante da empresa no Brasil, informou que na fase de desenvolvimento, serão investidos cerca de US$ 2 milhões. Sousa disse que pretende financiar-se com capital próprio e com aportes de investidores argentinos e brasileiros. (Com Agência O Globo)