Título: Bornhausen e Costa batem boca no Senado
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 29/04/2005, Política, p. A10

O ministro da Saúde, Humberto Costa, e o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), bateram boca ontem na Comissão de Assuntos Sociais do Senado. Costa chegou a dar um soco na mesa durante debate sobre a intervenção federal nos hospitais do Rio de Janeiro. Bornhausen disse que a motivação da intervenção foi política. O propósito teria sido atingir a imagem do prefeito Cesar Maia (PFL), uma vez que ele é pré-candidato à Presidência. Costa reagiu, dizendo que o motivo da intervenção - suspensa parcialmente pelo STF - foi a "ineficiência administrativa" do prefeito. Bornhausen acusou primeiro. "Ministro, saúde é coisa séria, não é para fazer política, para ser candidato ao governo de Pernambuco", disse, referindo-se às pretensões políticas de Costa. O ministro respondeu dizendo que "a saúde não deve ser usada para fazer política, mas foi isso que foi feito por parte da Prefeitura do Rio". Costa disse que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) pune prefeitos e governadores que gastam mais que o permitido com salários, mas não cria penalidades para quem administra de forma ineficiente a saúde. "E ele (Cesar Maia) ainda quer fazer discurso de grande gestor neste país", afirmou o ministro, dando um soco na mesa. O presidente do PFL retrucou, mencionando o escândalo de superfaturamento na compra de hemoderivados pelo Ministério da Saúde. "O senhor é o ministro dos vampiros, é o que deixa faltar remédio para Aids. Não venha falar de eficiência administrativa. O senhor tem que respeitar os senadores. O que existe na Saúde é incompetência, ineficiência e incapacidade", disse Bornhausen. Costa reagiu. "Não estou aqui para ser desrespeitado. Da mesma forma que todos os senadores são autoridades, eu também sou", afirmou. "Em nenhum momento fiz agressão pessoal a quem quer que seja, diferentemente de quem me chamou de ministro dos vampiros. Fui o ministro que desbaratou esse esquema", sustentou.