Título: Ásia lidera retomada e China se tornará maior exportador, diz a OMC
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 23/07/2009, Internacional, p. A9

A China deve superar a Alemanha ainda este ano como o maior exportador mundial, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC). Para o organismo, a China dá sinais de que vão liderar a recuperação global. Mas a OMC alerta que o "o pior" em termos de protecionismo no comércio ainda está por vir, com o aumento de medidas de proteção de indústrias locais, como antidumping, salvaguardas, medidas compensatórias e alta de tarifas, o que pode retardar a recuperação global.

Ao lançar ontem o relatório anual da entidade, Alexandro Jara, vice-diretor da OMC, previu mais pressão sobre os governos para proteger a indústria doméstica, à medida que o desemprego continue subindo. Mas insistiu que adotar medidas protecionistas para enfrentar a contração da atividade pode prolongar a crise e se tornar "suicida", porque tende a causar retaliação por parte dos parceiros.

Apesar dos alertas, a OMC diz que a situação ainda está sob controle. Mas 86% das novas medidas de antidumping afetam exportações de países em desenvolvimento, principalmente a China.

A OMC avalia que a Ásia está liderando uma recuperação do comércio mundial, mas uma retomada sustentável não ocorrerá antes de 2010. E mantém a estimativa de contração de 10% no comércio mundial este ano, depois de aumento de 15% em valor e 2% em volume no ano passado. As exportações mundiais alcançaram US$ 15,7 trilhões em 2008.

A Alemanha continua a ser o maior exportador global, seguido agora pela China. Mas Patrick Low, economista-chefe da OMC, disse que a performance ruim da Europa deve fazer com que as exportações da China ultrapassem as da Alemanha ainda neste ano.

Em todo caso, os EUA permanecem como o maior importador de mercadorias, com US$ 2,1 trilhões, 13,2% do total mundial, seguidos pela Alemanha, com 7,3%.

O Brasil foi o país que mais aumentou as importações em 2008, entre as 30 maiores nações comerciantes, de acordo com a OMC. As importações do país cresceram 44%, enquanto as exportações expandiram 23%. O Brasil continua tendo fatia de 1,2% do comércio global. Ganhou um ranking entre os exportadores, passando para a 22 ª posição, e três entre os importadores, agora na 24 ª posição .

Em 2008, as exportações da América do Sul e da América Central em volume aumentaram 1,5% e as importações subiram 15,5%. O crescimento das importações foi mais forte que em todas as outras regiões. Foi crescimento superior ao do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o do volume das exportações foi inferior ao da produção.

A parte das exportações dos países em desenvolvimento subiu para o recorde de 38% em 2008.

O relatório mostra que a indústria automotiva foi um dos setores mais afetados pela recessão mundial. As exportações da indústria automotiva japonesa caíram 18% em 2008 e baixaram 30% em direção dos EUA no quatro trimestre. A produção da indústria automotiva representa 12% das exportações totais dos países industrializados.

A contração global é explicada em quatro pontos. Primeiro, é a queda enorme da demanda, maior do que no passado. Segundo, é o aumento das cadeias de fornecimento mundial. A contração ou expansão do comércio não é mais apenas uma questão de variação de fluxo comercial entre um pais produtor e um pais consumidor - isso porque a mercadoria passa por numerosas fronteiras durante o processo de produção e os componentes do produto são alterados por cada passagem de fronteira. Terceiro, persiste a penúria de financiamento para o comércio exterior. E, quarto, a contração das trocas globais tem sido afetada pela "multiplicação" de medidas de proteção.