Título: Abertura de vagas cresce pelo 4º mês seguido
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2009, Brasil, p. A5

Foram criados, em maio, 131.557 empregos no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no quarto mês consecutivo de saldos positivos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O resultado também foi melhor que o de abril, quando foram abertos 106.205 postos. Apesar da trajetória de recuperação, a indústria de transformação ainda está com 7 dos 12 segmentos com perda de vagas. O pior resultado da indústria está nas empresas metalúrgicas, onde houve redução de 5.499 empregos em maio. Na outra ponta, o melhor desempenho é na área de alimentos e bebidas, com elevação de 13.382 vagas.

As indústrias de calçados, madeira/móveis, materiais de transporte, material elétrico e de comunicação, mecânica e produção de minerais não metálicos completam a lista da perda de empregos do setor em maio. Na criação de vagas no período, as indústrias têxteis/vestuário, químicas, de borracha/fumo/couros e papel/papelão tiveram desempenho muito abaixo das empresas fabricantes de alimentos e bebidas.

De acordo com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é importante reconhecer que a indústria teve saldo positivo de 700 empregos, patamar mais elevado que o de abril (183). Foi a segunda vez que isso aconteceu neste ano. Além disso, garantiu que a trajetória é de recuperação. Como exemplo, citou o fato de a CSN estar contratando empregados que tinham sido demitidos com a crise econômica mundial. Segundo ele, a empresa já trouxe de volta aproximadamente 70% dos desligados. Isso mostra, para Lupi, a retomada da siderurgia e, portanto, de um setor exportador.

Os números de maio mostram que, em todo o país, foram contratadas 1.348.575 pessoas e demitidas 1.217.018. Lupi procurou destacar que o mês teve o menor volume de dispensas em 2009 e que suas previsões otimistas, feitas no início de 2009, estão se confirmando. Segundo ele, dois fatos dão base real a essas projeções. Em maio, caiu o número de pedidos de seguro-desemprego (536.170) em relação ao mesmo mês do ano passado (566.676). O segundo dado é o salto no uso da bolsa qualificação do seguro-desemprego. Em maio, foram 16.245 trabalhadores atendidos, contra 2.611 em maio de 2008.

O primeiro semestre, calcula Lupi, terá o Caged com saldo positivo entre 350 mil e 400 mil vagas. No ano, ele aposta que a criação de empregos ficará no patamar de um milhão de postos.

O setor de serviços foi o principal responsável pela criação de empregos em 2009. De janeiro a maio, o saldo positivo foi de 212.558 vagas. Em seguida aparecem agropecuária (71.705), construção civil (61.084), administração pública (30.349) e serviços de utilidade pública (2.828). Nesses cinco meses, os números negativos ficaram com indústria (146.478), comércio (50.500) e extração mineral (1.535). Em maio, todos os setores criaram empregos. A melhor contribuição foi da agropecuária (52.927), seguida de serviços (44.029), construção (17.407), comércio (14.606), administração pública (1.451), indústria (700), serviços de utilidade pública (266) e extração mineral (171).

Na análise geográfica, os números mostram que todas as regiões tiveram saldo positivo em maio. O Sudeste liderou com 100.020 postos criados, seguido de Nordeste (13.731), Centro-Oeste (7.233), Sul (5.534) e Norte (5.039).

O Estado de São Paulo foi a unidade da federação que mais criou empregos celetistas em maio, com saldo de 44.521 vagas. Aparecem depois Minas Gerais (37.518), Paraná (11.682), Espírito Santo (10.061), Bahia (9.060), Rio de Janeiro (7.920), Rondônia (5.361), Pernambuco (5.324), Goiás (5.103), Ceará (2.153), Mato Grosso do Sul (1.312), Mato Grosso (773), Acre (443), Piauí (276), Roraima (49) e Tocantins (22).

No atual cenário, o governo, de acordo com Lupi, deve manter as desonerações tributárias, porque "não se mexe em time que está ganhando". Isso significa manter as reduções nas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos, aparelhos domésticos da linha branca e materiais de construção.

Lupi também prometeu que as linhas de financiamento do Banco do Brasil (BB) que usam recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) terão, em breve, redução das taxas de juros cobradas dos tomadores de empréstimos.