Título: AmBev investe US$ 5 mi em maltaria no Uruguai
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 02/03/2005, Empresas &, p. B7

A AmBev reinaugura hoje uma fábrica de malte na cidade uruguaia de Paysandú. A planta será visitada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por Tabaré Vázquez, novo presidente do Uruguai. A empresa investiu US$ 5 milhões na ampliação e modernização da fábrica, que terá sua capacidade de processamento de malte ampliada de 95 mil toneladas por ano para 130 mil tonelada por ano - volume que será praticamente todo exportado para o Brasil. A cervejaria tem quatro plantas que fabricam malte na América do Sul: duas no Uruguai (Paysandú e Maltaria Uruguai), Navegantes (RS) e uma quarta na Argentina. Quando comprou o controle da argentina Quinsa, na qual a AmBev detém 50,98%, ficou estabelecido no acordo de acionistas que a cervejaria argentina ficaria responsável pela produção de cervejas no Mercosul e a AmBev, pela de malte. Com a expansão, o Uruguai será responsável por uma produção total de 180 mil toneladas - já que a outra maltaria instalada no país produz 50 mil toneladas por ano - o que representa 30% do malte consumido pela AmBev, cerca de 450 mil toneladas de malte ao ano. Além das outras maltarias, a empresa ainda importa malte da França e do Canadá. A fábrica de Paysandú, a 376 km de Montevidéu, foi comprada em 2001, mas dois anos depois trabalhava com capacidade ociosa de 65% e estava prestes a fechar. "Entre 1995 e 2003, o país passou por várias crises e houve uma queda da renda de 40%, explica Milton Seligman, diretor de assuntos corporativos da AmBev. A cervejaria seria desativada e a maltaria, mantida. "Na época, o presidente Lula estava assumindo o governo, havia uma preocupação com o Mercosul e nos foi pedido que pensássemos em alternativas", diz Seligman. A empresa fez estudos e decidiu ampliar a capacidade da maltaria. De acordo com Seligman, essa expansão significa uma injeção de US$ 8 milhões anuais na economia uruguaia. Foram criados 440 empregos diretos, dos quais 350 no setor rural. O Uruguai é o nono exportador mundial de malte, vendendo para o exterior 95% do que produz. Para garantir esse aumento da produção de malte, a AmBev fez uma parceria com os agricultores da região. Eles fecharam contrato com garantia de compra, pagamento à vista e preços conectados aos do trigo. "Haverá um aumento do plantio de 20 mil hectares de cevada", afirma o diretor. A empresa desenvolveu um trabalho semelhante com os agricultores brasileiros para estimular o plantio da cevada no lugar do trigo. Seligman não acredita que o estímulo aos agricultores uruguaios gere reclamações por parte dos brasileiros. "Compramos 100% do malte brasileiro, qualquer aumento de produção é bem-vindo", diz. No Uruguai, a AmBev é dona da Cerveceria Patrícia (antiga Sallus) e da FNC, que produzem as marcas Nortenha, Patrícia, Pielsen Negra e Zillertal. A primeira incursão da empresa no mercado uruguaio aconteceu em 1993, quando a Brahma comprou 40% da maltaria Uruguai (em 98, assumiu seu controle). "Desde então, investimos US$ 104 milhões no Uruguai", diz. Apenas as grandes cervejarias produzem malte - as menores compram o produto pronto de maltarias independentes.