Título: Acordo entre Petrobras e PDVSA pode sair ainda este mês
Autor: l Rosas , Rafae
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2009, Empresas, p. B6

A insistência da petroleira venezuelana PDVSA em relação à comercialização da produção e ao preço do petróleo podem tornar inviável o acordo com a Petrobras para a constituição da refinaria de Abreu e Lima, que entrará em operação em 2011, em Pernambuco. Atualmente, as duas empresas já chegaram a bom termo sobre o acordo de acionistas, mas a conversa empacou e o destravamento poderá acontecer ainda este mês, em visita do ministro de Minas e Energia da Venezuela e presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, ao Brasil.

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a brasileira não fechará o acordo caso a empresa do país vizinho não volte atrás. "Queremos fechar acordo, mas tem de ser um acordo viável. Hoje, com a posição em relação ao petróleo e à comercialização, não é viável", disse Costa, que apresentou ontem os investimentos previstos para o período 2009-2013 relativos ao Abastecimento. "Sem resolver esses dois impasses, não há acordo."

O objetivo da Petrobras é ficar com 60% da refinaria, abrindo os outros 40% para a PDVSA. Costa reafirmou que as obras da unidade continuarão - atualmente estão na fase da terraplanagem - mesmo sem o acordo fechado.

De acordo com o executivo, a PDVSA pretende comercializar sozinha os 40% dos produtos a que terá direito. O objetivo da Petrobras é fazer a comercialização nos moldes do que acontece na refinaria Alberto Pasqualini (RS), em que a Petrobras tem 70% de participação, com 30% da espanhola Repsol. Neste modelo, a refinaria vende a totalidade da sua produção.

Costa explicou que a retirada de 40% da produção de Abreu e Lima pela PDVSA para venda no Nordeste poderia causar problemas para pequenas empresas da região.

"Caso a PDVSA se recuse a vender para uma determinada empresa pequena, a Petrobras, com os 60% restantes, não será capaz de atender a todo o Nordeste. E essa empresa pequena poderá quebrar. Não é isso que a Petrobras deseja", ressaltou o diretor.

Outro obstáculo é a definição do preço do petróleo que será comprado pela refinaria. No caso do óleo que será vendido pela Petrobras, a conta será baseada no preço do barril do petróleo tipo Brent, mais um deságio, uma vez que o insumo da estatal brasileira é mais barato que o Brent. Costa explicou que a PDVSA, além do preço do Brent e do deságio, quer incluir na conta um multiplicador, "certamente maior que 1", o que tornaria mais difícil prever o preço a ser pago pela refinaria.

Costa ressaltou ainda que o Brasil vai se tornar autossuficiente e exportador de óleo diesel a partir de 2013, quando estarão completas a refinaria de Abreu e Lima e as primeiras fases das duas refinarias premium do Nordeste, no Maranhão e no Ceará.

Estas três novas refinarias terão cerca de 50% de sua capacidade voltada para a produção de diesel. Abreu e Lima terá capacidade de refino de 230 mil barris por dia, enquanto as duas premium nordestinas terão capacidade de 600 mil barris por dia (Maranhão) e 300 mil barris diários (Ceará).

Em 2008, segundo o diretor, o consumo de diesel no país foi, em média, de 783 mil barris por dia, dos quais 15% foi importado.

O contrato do WTI para entrega em março fechou em baixa de 5,45%, cotado a US$ 33,98 por barril. O barril do Brent para março subiu 0,84% e terminou o dia a US$ 44,65.