Título: Abecip vê pouco incentivo no giro
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 31/10/2008, Finanças, p. C2

Os bancos privados que atuam no financiamento imobiliário viram com bons olhos as medidas do governo federal de incentivo à construção civil, afirma Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). França ressalta, no entanto, que a destinação da poupança para o capital de giro deverá vir "principalmente" da Caixa Econômica Federal, que já divulgou a intenção de direcionar R$ 3 bilhões para a modalidade.

"A Caixa terá a garantia de um fundo. É importante ver essa diferença. Temos uma bela garantia a menos em relação à Caixa para fazer essas operações". De acordo com a intenção do governo, uma medida provisória deverá autoriza a criação de um fundo de reserva de R$ 1,05 bilhão a partir dos dividendos pagos pela Caixa ao Tesouro dos exercícios de 2008 a 2010 para garantir até 35% dos R$ 3 bilhões.

Ontem, o Conselho Monetário Nacional divulgou a regulamentação da medida permitindo que financiamentos de capital de giro sejam considerados como financiamento habitacional no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação, para fins do cálculo do cumprimento da exigibilidade, no limite de até 5%. As linhas deverão ter prazo máximo de 60 meses e ser concedido até 31 de março de 2009. Além disso, devem ser concedidas a incorporações no regime do patrimônio de afetação ou a sociedades de propósito específico.

A Caixa pretende oferecer duas linhas diferentes, uma de antecipação de até 20% dos custos do empreendimento, com carência de 18 meses; e outra a partir dos recebíveis das empresas do setor da construção, no limite é de 70% desses ativos e prazo para pagamento de até 60 meses.

Ainda de acordo com o presidente da Abecip, a entidade tem participado de todas as discussões que envolvem o setor e o governo tem se mostrado muito aberto e atuando com "muita cautela e correção, porque está escutando todo o segmento e tem um entendimento completo de como funciona o ciclo operacional do setor", disse França.

Preocupado também com o lado da demanda, nas próximas semanas a entidade deverá levar ao governo mais uma série de sugestões. "Temos de cuidar do comprador, fazer com que ele mantenha o espírito de compra. Por isso estamos com um volume de sugestões importantes para discutir com o governo". Segundo ele, há uma desaceleração na demanda que já causa reflexos na economia, o que explica a redução das concessões de crédito.