Título: Analistas projetam inflação mais alta e PIB menor
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 28/10/2008, Brasil, p. A3

Os analistas econômicos esperam inflação mais alta e menor crescimento em 2009, mostra a pesquisa semanal de expectativas do mercado financeiro, divulgada ontem. A inflação projetada no IPCA para o próximo ano subiu pela segunda semana seguida, de 4,9% para 5%, enquanto o crescimento foi revisto para baixo, de 3,35% para 3,1%, também pela segunda semana .

Praticamente todos os indicadores de expectativa de inflação registraram deterioração na semana. O IPCA previsto para 2008 subiu de 6,23% para 6,29%, enquanto a inflação projetada pelo mesmo índice para os próximos 12 meses aumentou de 5,25% para 5,27%. Os dados fazem parte da pesquisa que o BC com cerca de 100 analistas para medir o comportamento das expectativas inflacionárias.

Os dados se referem à mediana das expectativas, ou seja, a projeção mais central entre todas as projeções feitas pelos analistas. Quando é observada a inflação média (soma dos valores projetados, dividido pelo número de projeções), as expectativas pioraram um pouco mais. Na média, os analistas esperam uma inflação de 5,01%, ante 4,87% uma semana antes. Há sinais de que a deterioração das expectativas de inflação contaminou também 2010. O valor médio projetado subiu de 4,46% para 4,51%, superando pela primeira vez o centro da meta estabelecido para o ano, de 4,5%.

Além de, na média, projetarem inflações mais altas, há menos consenso entre os analistas sobre a inflação futura. Isso fica claro pelo desvio-padrão das projeções de inflação, que é uma medida de dispersão das expectativas. O desvio-padrão subiu de 0,38 para 0,49. Quanto maior o desvio-padrão, maior a dispersão das projeções dos analistas e menor o consenso sobre a evolução da inflação.

Normalmente, a média e o desvio padrão são indicadores antecedentes da inflação. Quando a média sobe, geralmente a mediana, o indicador oficial das expectativas de inflação, sobe em seguida. Alta no desvio padrão costumam sinalizar o aumento da mediana.

Os dados colhidos nos chamados Top 5, analistas que mais acertam suas projeções, mostra uma evolução mais errática. A inflação média projetadas pelos Top 5 de curto prazo (que mais acertam projeções de curto prazo) caiu de 5,02% para 4,88%. Mas, no caso dos Top 5 de médio prazo (acertam mais projeções de médio prazo), subiram de 5,01% para 5,1%.