Título: Apesar da crise, teles mantêm projetos
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2008, Tecnologia & Telecomunicações, p. B3

Os três principais grupos de telecomunicações que atuam no Brasil pretendem dar continuidade a seus projetos, apesar dos sinais da crise econômica. Em momentos diferentes, executivos da Oi, da espanhola Telefónica e da mexicana Telmex afirmaram que vão manter ou aumentar os investimentos programados. Marisa Cauduro / Valor

Falco, presidente da Oi: "Não existe a possibilidade de a gente parar em 2009"

Na sexta-feira, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, afirmou que os investimentos programados para 2009 serão feitos. O executivo disse que o valor será semelhante ao orçamento deste ano, excluído o pagamento das licenças de telefonia móvel de terceira geração. Isso significa algo próximo de R$ 3,5 bilhões. "O mundo mudou, mas somos uma empresa de capital intensivo e vamos continuar investindo", ressaltou.

No mesmo dia, o presidente da Telmex Internacional, Oscar Von Hauske, anunciou que elevou para US$ 1,45 bilhão os investimentos programados para este ano para acompanhar o crescimento da demanda, especialmente no mercado brasileiro. A projeção anterior era de US$ 1,1 bilhão. A Telmex Internacional é a subsidiária que reúne os ativos do grupo controlado pelo empresário Carlos Slim fora do México. Os principais são a Embratel e uma participação de 49% no bloco de controle da Net.

"Vamos continuar procurando oportunidades e vamos investir quando as encontrarmos", afirmou o executivo, numa teleconferência com jornalistas para comentar as demonstrações financeiras do terceiro trimestre. O lucro da companhia recuou 40% em relação ao mesmo período do ano passado, para de 1,16 bilhão de pesos mexicanos (US$ 87 milhões), e a grande razão desse desempenho foi o impacto da desvalorização da moeda brasileira.

Segundo Von Hauske, a diretriz do grupo é buscar o crescimento rentável, mantendo uma estrutura financeira conservadora. "Isso vale até para momentos como o atual", ressaltou.

A Telmex também anunciou que pretende reforçar seus investimentos no México, chegando a US$ 900 milhões neste ano. No Brasil, a alta dos investimentos está relacionada em grande parte à expansão dos serviços de telefonia local comercializados pela Net, em parceria com a Embratel.

Duas semanas atrás, foi a vez de José Maria Alvarez-Pallete, diretor-geral da Telefónica na América Latina, assegurar que os planos para a região permanecem intactos. Segundo ele, o grupo espanhol manterá os investimentos de até 16 bilhões de euros programados para os países latino-americanos de 2007 a 2010 - apesar de ter reduzido a expectativa de crescimento econômico na região.

Especificamente no Brasil, o valor previsto para esses quatro anos é de R$ 15 bilhões. A Telefónica detém a concessão de telefonia fixa no Estado de São Paulo, divide o controle da Vivo com a Portugal Telecom e tem participação indireta na TIM.

Isso não significa que as empresas estejam alheias aos possíveis impactos da crise. As operadoras estão adotando medidas para se proteger. Segundo Von Hauske, a Telmex vai analisar com mais cuidado cada item de custos, com o objetivo de reduzí-los. Como exemplo, ele mencionou a construção de novas conexões na rede de longa distância da Embratel em substituição à infra-estrutura que a empresa aluga de outras operadoras. De acordo com o executivo, o aluguel é caro.

Segundo Falco, a Oi tem recursos em caixa para bancar a aquisição da Brasil Telecom e para fazer investimentos. O executivo reconheceu, no entanto, que a operadora tem buscado financiamentos de curto prazo.

Segundo ele, uma parcela de 30% do orçamento da Oi é sensível à oscilação do câmbio por se referir a equipamentos importados. O executivo disse, no entanto, que os contratos com fornecedores prevêem o teto de R$ 1,90 para a cotação do dólar. "Apesar de ser pesado, será um impacto atenuado", ponderou. "Temos contratos de três anos com o câmbio travado nesse teto. Não existe a possibilidade de a gente parar em 2009."

Isso vale também para a aquisição da Brasil Telecom. Falco confirmou que a queda no valor das ações não mudará o preço da aquisição, que ainda depende de aprovação da Anatel.