Título: ACM Neto anuncia medidas de austeridade
Autor: Pereira, Paulo Celso
Fonte: O Globo, 30/10/2012, País, p. 10

Prefeito eleito de Salvador diz que, inicialmente, cortará 20% dos gastos e reduzirá cargos de confiança.

O prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM), afirmou ontem que fará uma gestão austera, de acordo com o receituário defendido pelo DEM, para resolver os graves problemas da cidade, que começará com corte linear de 20% dos gastos correntes, reduzindo cargos de confiança da prefeitura. Ele espera que a presidente Dilma Rousseff e o governador da Bahia, Jaques Wagner, ambos do PT, destinem recursos federais e estaduais para que ele possa investir na cidade.

Durante a campanha, seu adversário, o petista Nelson Pelegrino, afirmou que os governos Dilma e Wagner só destinariam verbas para um prefeito alinhado politicamente com eles.

- Vamos ter que ver se a palavra do governador e da presidente é sincera e verdadeira. Eles sempre disseram, e declararam ontem os dois, que respeitariam a decisão da cidade. O governador deu entrevista dizendo que os projetos estão garantidos. Então, eu acredito na palavra do governador - disse.

Prefeito eleito quer falar com Dilma

Ainda esta semana, ACM Neto deve se reunir com o vice-presidente Michel Temer, em Brasília. A prioridade, porém, é conversar com o atual prefeito e o governador para tratar da transição. Neto anunciou que pretende se reunir nos próximos dois meses também com a presidente Dilma:

- O diálogo com o governo federal começará tão logo ele esteja disposto a fazê-lo. Eu soube de uma declaração da presidente de que dará tratamento correto a todos os prefeitos, independentemente de partido. E é o que a gente espera dela. Ela é presidente de todos os soteropolitanos e eu serei prefeito de todos os soteropolitanos. Quero ser parceiro do governo do estado e do governo federal. E saberei reconhecer e dar os devidos créditos para tudo o que eles fizerem em Salvador.

Neto adiantou, durante a entrevista coletiva concedida em seu apartamento, no bairro de Ondina, que o primeiro ano de governo deverá ser pautado por medidas impopulares como o corte linear de 20% das despesas correntes.

Além disso, ele anunciou que vai preparar uma reestruturação administrativa da cidade. Isso não deverá significar, no entanto, uma redução no número de secretarias, por considerar o quadro atual adequado. Neto sinalizou que buscará também na iniciativa privada os recursos que a cidade precisa para fazer investimentos, utilizando parcerias público-privadas e consórcios.

- O receituário das administrações exitosas mostra que todas as medidas duras devem ser tomadas no primeiro ano. No começo da gestão, vamos tomar medidas duras para viabilizar a cidade. Isso envolve economia e ajuste da máquina administrativa para sobrar dinheiro para o que é urgente e imediato. Isso quer dizer limpeza, melhorar a iluminação, tapar os buracos, colocar os postos de saúde para funcionar, enfrentar o problema do trânsito. Vamos ser extremamente austeros - afirmou.

Secretarias técnicas, mas políticas

Para a escolha de auxiliares, ACM Neto disse que pretende conciliar indicações políticas com critérios técnicos, evitando repetir o que considera um erro do atual prefeito, João Henrique, que, no domingo, fez um mea-culpa e reconheceu ter loteado a máquina da prefeitura.

Neto desembarca hoje em Brasília. Ele deve organizar a eleição de seu substituto como líder do DEM na Câmara. Apesar de ter dedicado a vitória ao avô ACM, voltou a negar que represente uma ressurreição do carlismo.

- Estamos em 2012, não há que se falar, como vocês da imprensa falam, em retorno do carlismo. Respeito, preservo e valorizo o passado. Mas meu olhar é para o futuro - defendeu o neto de ACM.