Título: Conselho de Ética quer mapear relação de Demóstenes e Cachoeira
Autor: Braga, Isabel; Coelho, André
Fonte: O Globo, 11/05/2012, O País, p. 4

Requerimento pede informações sobre voos, IR e pessoas recebidas pelo senador

LIGAÇÕES PERIGOSAS

O senador Humberto Costa (PT-PE), relator do processo de quebra de decoro contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), conseguiu aprovar ontem requerimentos solicitando uma série de informações, com as quais pretende mapear a forma como o parlamentar pôs seu mandato a serviço do contraventor Carlos Cachoeira.

O relator quer descobrir se o senador goiano recebeu nos gabinetes do Senado pessoas ligadas aos atos ilícitos de Cachoeira; quantos voos fez (e em companhia de quem) pelas empresas de táxi aéreo Sete e Voar desde 2002; e se fez lobby em favor dos laboratórios de Cachoeira na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, o Conselho de Ética do Senado aprovou convite para Cachoeira depor no dia 23, mas ele não é obrigado a comparecer.

O conselho aprovou também o compartilhamento, com a CPI do caso Cachoeira, de todas as informações , como gravações, das Operações Vegas e Monte Carlo, referentes ao uso do Nextel cedido pelo contraventor a Demóstenes, além de outras gravações de Carlinhos Cachoeira com terceiros, que citem o senador goiano, em outros aparelhos.

Humberto Costa pede especificamente à presidência do Senado informações sobre registro de entrada na Casa , ou gravação em vídeo de Cachoeira, Gleyb da Cruz, Geovani da Silva e Idalberto Matias, desde fevereiro de 2003, quando Demóstenes assumiu o mandato.

Também solicitou cópia das prestações de contas eleitorais de 2002 e 2010 (candidato a senador) e de 2006 (candidato a governador de Goiás), dos bens e fontes de renda, e o Imposto de Renda dele, o da mulher e os de eventuais empresas dos dois.

Pelo calendário de depoimentos aprovados ontem, o conselho seguirá os passos da CPI mista do caso Cachoeira, ouvindo primeiro os delegados e procuradores das operações Vegas e Monte Carlo em sessões reservadas. Depois, Cachoeira, o advogado Ruy Cruvinel, cujo depoimento foi pedido pela defesa, e Demóstenes por último, dia 28 de maio. O depoimento de Cachoeira foi pedido pela defesa do senador goiano.

Apesar de a defesa do senador Demóstenes ter pedido perícia nos áudios das conversas entre ele e Cachoeira, o relator disse que poderá não atender o pedido.

- Esse material não está sob a guarda do Conselho de Ética, não temos como periciá-lo. E, em princípio, não vejo porque fazer perícia - disse o relator.

O senador Humberto Costa afirmou ainda que, ao contrário do que ocorreu com o seu parecer preliminar, nessa etapa do processo de cassação, ele pretende utilizar os documentos e informações das operações da PF que apontam a ligação entre Demóstenes e o contraventor.

O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) disse ontem que o PSDB vai insistir na aprovação do projeto que praticamente acaba com o voto secreto em plenário, já que apenas algumas votações seriam secretas. A proposta em tramitação é de autoria do presidente do Conselho de Ética, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

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