Título: A capital com a 5ª menor taxa de homicídios
Autor: Goulart, Gustavo
Fonte: O Globo, 18/01/2012, Rio, p. 14

Taxa de mortes violentas no Rio baixou 53,7% entre 2000 e 2010, segundo o instituto de pesquisa Sangari

O município do Rio conquistou um importante espaço no ranking das capitais brasileiras segundo as taxas de homicídios. Em 2000, a cidade ocupava o sexto lugar nacional, com 56,6 casos por cem mil habitantes. Em 2010, passou para a 23ª posição, com uma taxa de 24,3 (uma queda de 53,7%) - a quinta menor do país. Os dados constam do Mapa da Violência 2012, divulgado ontem pelo Instituto Sangari, entidade criada para fomentar a pesquisa científica. A cidade de São Paulo também apresentou melhora, saindo do quarto lugar (com 64,8 homicídios por cem mil habitantes) para o 27º (com 13 casos), a melhor posição do país.

Secretário de Segurança comemora pesquisa

O mapa foi divulgado na Universidade de São Paulo (USP) pelo coordenador do estudo e diretor de Pesquisas do Instituto Sangari, o argentino Julio Waiselfisz. O secretário de segurança do Rio, José Mariano Beltrame, ficou contente com o resultado do trabalho.

- É motivo de comemoração, porque mostra que a política de segurança adotada já mostra resultados significativos - disse Beltrame. - As estatísticas mostram redução também nos números de autos de resistência (mortes em confrontos com a polícia) e roubos de veículos, os menores do Rio desde o início da série histórica (em 1991).

O secretário ressaltou que o estudo será apresentado aos comitês organizadores da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Ele disse que os números mostrarão que a política de segurança adotada é consistente e deve permanecer após esses dois grandes eventos.

O estudo, no entanto, mostra também um dado alarmante: a crescente interiorização dos homicídios no país. Os pesquisadores ressaltam o momento em que as taxas passam a sofrer redução em capitais e regiões metropolitanas, na década passada, e aumentam de ritmo em cidades do interior.

Estudo mostra crescimento da violência no interior

Em 1995, por exemplo, nas capitais a taxa era de 40,1 homicídios por cem mil habitantes e no interior, de 11,7. Já em 2010, esse número duplica no interior (22,1) e cai nas capitais (33,6). O município de Simões Filho (BA), com uma população de 116.348 habitantes, teve em 2008 175 homicídios; em 2009, 153; e em 2010, 183. A taxa média ficou em 146,4 homicídios por cem mil habitantes, a maior em cidades com mais de dez mil moradores. Segundo o site G1, a prefeitura de Simões Filho contestou, em nota, o resultado do Mapa da Violência 2012, que apresentou a cidade como a mais violenta do país.

Búzios, no Rio, ocupa a 46ª posição, com uma taxa média de 71,2 casos. Em 2008, a cidade, com um população de 27.631 habitantes, teve 26 homicídios; em 2009, 21; e em 2010, 12.

- Em menos de uma década, se continuar nesse ritmo, o interior deverá ultrapassar os grandes centros urbanos - disse Waiselfisz.

Entre 2000 e 2010, foi constatada outra mudança no perfil dos municípios. Enquanto capitais com índices de homicídios constantemente altos apresentaram quedas, outras tiveram crescimento explosivo, como Natal, Salvador e São Luís - nessas três, os números da violência mais que triplicaram, segundo a pesquisa.

Em Salvador, em 2000, foram registrados 315 homicídios. Dez anos depois, esse número pulou para 1.474, um aumento de 371%. São Luís também apresentou forte alta: em 2000, foram contabilizados 144 casos e, em 2010, 569 (295% a mais). Natal registrou 74 homicídios em 2000; em 2010, foram 260 crimes, um acréscimo de 251,4%.

No ranking das capitais com maior índice de homicídios, Maceió aparece em primeiro lugar. Em 2000, a cidade ocupava a oitava posição, com 45,1 casos por cem mil habitantes. Em 2010, a taxa pulou para 109,9.

Em segundo lugar ficou João Pessoa, que deixou a 13ªposição ocupada em 2000. Em 2010, a capital paraibana registrou 80,3 casos de homicídios por cem mil habitantes. Em terceiro ficou Vitória, em quarto Recife e em quinto São Luís do Maranhão.

O mapeamento é feito com base em pesquisas oficiais, entre elas o Censo do IBGE, e em parceria com ministérios como os da Saúde e da Justiça.