Título: Apesar de altas recentes, bolsas não zeram perdas acumuladas na semana
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 13/08/2011, Economia, p. 32

TREMOR GLOBAL: Apenas Londres e São Paulo têm valorização no período

Ibovespa sobe 0,24%. Dólar cai 0,74%, mas recupera 1,5% em 5 dias

Após uma semana de volatilidade, com investidores estressados mundo afora, os mercados globais tiveram ontem o segundo dia de alta. A recuperação foi mais forte na Europa, com altas de 3,04% em Londres, de 4,02% em Paris e de 3,45% em Frankfurt. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) confirmou sua recuperação: o Ibovespa, índice de referência, teve alta de 0,24%, aos 53.473 pontos, e encerrou a semana com ganho de 0,99%. Só na segunda-feira, a perda havia sido de 8,08%.

Apesar das altas, a maioria das bolsas não conseguiu zerar as perdas da semana. Na Europa, entre as mais importantes, apenas Londres fechou em alta semanal. Em Nova York, o Dow Jones subiu ontem 1,13%, o Nasdaq ganhou 0,61% e o S&P 500 avançou 0,53%. Mas os três índices fecharam a semana em baixa. Para especialistas, investidores começaram a reavaliar os impactos do rebaixamento do rating da dívida pública dos EUA pela Standard and Poor"s (S&P).

A proibição da venda a descoberto nos mercados financeiros da Europa provocou uma onda de propostas alternativas de países e reguladores. França, Itália, Espanha e Bélgica impuseram a proibição de vendas a descoberto. Reino Unido, Holanda e Áustria reagiram e disseram que a ação era desnecessária, enquanto a Alemanha afirmou que defenderá uma proibição em toda a Europa.

Ações baratas ainda são atrativo na Bovespa

No Brasil, os preços baixos continuaram atraindo investidores para a Bolsa. No ano, a perda acumulada ainda é expressiva, de 22,84%.

- Quando se compara a Bovespa com as bolsas de países emergentes, o desempenho brasileiro está aquém - diz João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos. Para ele, além das ações baratas, a recuperação dos mercados ao longo da semana está relacionada também ao cenário externo mais calmo.

Ainda assim, o dia foi de oscilações. Na máxima do dia, o Ibovespa registrou alta de 0,56% e, na mínima, queda de 1,30%. Puxaram o índice para baixo as ações do setor da construção, pois o mercado recebeu mal o anúncio de resultados de algumas empresas no segundo trimestre. A Rossi ON (ordinária, com voto) liderou o movimento, com queda de 6,08%, a R$10,66. A maior alta do Ibovespa foi a Usiminas PN (preferencial, sem voto), que avançou 9,35%.

Papéis da Petrobras e da Vale fecham quase estáveis

Já as ações da Petrobras e da Vale, com grande peso no Ibovespa, ficaram perto da estabilidade. A Petrobras PN avançou 0,45%, a R$20,30, enquanto a ON perdeu 0,66%, a R$22,45. A Vale PN recuou 0,14%, a R$39,16, e a ON teve queda de 0,41%, a R$42,59.

O gestor de renda variável da Yield Capital, Hersz Ferman, ressalta, no entanto, que ainda não há tanto para comemorar. Na avaliação dele, a reação ao rebaixamento da dívida americana foi exagerado, mas a incerteza sobre o desempenho da economia global ainda permanece. Dados como o crescimento das vendas no varejo americano, anunciado ontem, seriam insuficientes para dar segurança aos investidores.

- O crescimento nos EUA e na Europa provavelmente será mais fraco. A pergunta é como os emergentes vão crescer sem a demanda dos desenvolvidos.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou ontem em baixa de 0,74%, a R$1,611. A semana, porém, encerrou com alta de 1,51%. Segundo o estrategista-chefe da CM Capital Market, Luciano Rostagno, a queda no dólar ontem pode ter compensado o pregão de anteontem, quando o real ficou estável enquanto as moedas de países produtores de matérias-primas se valorizaram.