Título: Piloto de helicóptero que caiu não tinha licença
Autor: Bittencourt, Mário; Cazes, Leonardo
Fonte: O Globo, 20/06/2011, Rio, p. 17

Aeronave é encontrada pela Marinha no mar, a dez metros de profundidade e a 250 da costa, no Sul da Bahia

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou ontem que vai investigar como Marcelo Mattoso de Almeida, piloto do helicóptero que caiu no mar na noite de sexta-feira em Trancoso, distrito de Porto Seguro, no Sul da Bahia, atuava sem licença de voo há seis anos. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que só se manifestará sobre o caso ao fim das investigações sobre o acidente, que estão a cargo do Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 2), com sede em Recife. Consultando o site da Anac, é possível ver que Marcelo - presidente do First Class Group e dono do Jacumã Ocean Resort, em Trancoso - está com todas as quatro licenças de voo vencidas. O helicóptero foi encontrado ontem, no fundo do mar, pela Marinha. Das sete pessoas que estavam na aeronave, três continuam desaparecidas, incluindo a estudante Mariana Noleto, namorada de Marco Antônio Cabral, filho do governador Sérgio Cabral.

Cabral acompanha as buscas no Sul da Bahia

A licença do helicóptero que caiu, de prefixo PR-OMO, é a H350, que venceu em junho de 2005. Pelo site, é possível constatar ainda que o certificado de capacidade física de Marcelo está sem validade desde agosto de 2006. As outras licenças que ele tinha para voar são de aeronaves dos modelos BH06 (vencida em outubro de 2004), EC30 (dezembro de 2006) e RHBS (julho de 2005).

Segundo a FAB, toda vez que um piloto apresenta um plano de vôo, tem de ser checada a situação da sua licença. O código da licença precisa ser informado junto com o plano.

Além de Mariana, continuam desaparecidos o própio Marcelo e Jordana Kfuri Cavendish. As outras quatro vítimas já foram sepultadas: Fernanda Kfuri, de 34 anos; seu filho Gabriel, de 2; Lucas Kfuri de Magalhães, de 3, filho de Jordana; e a babá Norma Batista de Assunção, de 49.

Juntamente com o filho, Sérgio Cabral acompanha as buscas no Sul da Bahia. Eles passaram o dia de ontem num hangar privado no aeroporto local. Cabral está na Bahia desde a manhã de sexta-feira e usou o helicóptero poucos minutos antes da tragédia.

A Marinha, com ajuda de dois navios, incluindo um com sonar, encontrou o helicóptero por volta das 20h30m de ontem, a dez metros de profundidade e a 250 da costa. A cabine da aeronave está bastante danificada. Isso, aliado ao fato de já ser de noite e de a visibilidade da água estar baixa, impediu os mergulhadores de verificarem se há corpos dentro dela. As buscas, feitas numa área de 6,9 quilômetros quadrados, serão retomadas hoje de manhã. Ao longo do dia, foram encontrados um pedaço da carenagem (estrutura externa do helicóptero), um assento, um apoio de braço e uma bolsa.

No Rio, cerca de 15 bombeiros, incluindo o comandante-geral da corporação, coronel Sérgio Simões, foram ao Aeroporto Santos Dumont ontem à noite para embarcar para a Bahia, para ajudar nas buscas. O grupo chegou a entrar no escritório de uma empresa de táxi aéreo, mas na última hora não embarcou.

- Vamos ficar aquartelados e aguardar até amanhã (hoje) de manhã, para decidir se viajamos para colaborar - disse o coronel Sérgio Simões.

Caso os bombeiros ajudem nas buscas, serão enviados oito homens da Divisão de Operações Subaquáticas do Grupamento de Busca e Salvamento.

A convocação dos bombeiros do Rio ocorre em meio a uma crise gerada por protestos da corporação por melhores salários. Após a invasão do Quartel Central, 429 bombeiros foram presos. Na ocasião, Cabral chamou os manifestantes de "vândalos" e "irresponsáveis".

* da Agência A Tarde

** do Extra