Título: Turmas de ensino médio com até 50 estudantes
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 15/05/2011, O País, p. 11

Diretor diz que não pode formalizar grupos menores

RECIFE. Pela Instrução Normativa do Conselho Estadual de Educação (CNE), o limite de alunos para o projeto Travessia, destinado a corrigir a distorção idade/série, é de 35 por turma. O CNE determina, ainda, grupos de 20 a 25 alunos (alfabetização) e de 25 a 40 (para as demais séries) do ensino fundamental. Na Escola estadual Presidente Castelo Branco, O GLOBO encontrou turmas do 1º ano do ensino médio com 50 alunos. São 32 turmas e 1.200 matriculados, o que dá média de 37 por sala. Mas isso não impede que alunas como Rosemary Cardoso da Silva, de 16 anos, reclamem do excesso de 50 colegas em um mesmo local:

¿ Sento na primeira fila. Se for para a última, vai ficar muito desorganizado, não vou aprender o que preciso. Uma turma de 30 já estaria de bom tamanho ¿ defende a menina.

O professor de física, Marcondes José Bento ratifica:

¿ O grupo já vem com deficiência e como a turma é muito grande, a aprendizagem se torna mais complicada.

O diretor do colégio, Wagner Cadete, explica que, por conta da instrução normativa, o estado determina que as turmas dos últimos anos ensino do fundamental tenham 40 alunos e que as do ensino médio tenham 45.

¿ Se eu tiver 50 alunos matriculados, e, como diretor, entender que, do ponto de vista pedagógico, é melhor dividir a turma em duas de 25, não posso formalizá-las ¿ explica.

Segundo o sindicalista Joy Luiz Ramos Benício, que acompanha 40 escolas no município, a maior parte tem turmas superdimensionadas.

Infraestrutura também é problema nas escolas

Turmas grandes ¿ fato que dificulta a aprendizagem ¿ não constituem o único problema na área da Educação em Pernambuco. Pesquisa divulgada pelo Sindicato de Trabalhadores em Educação de Pernambuco indicou que 96,3% das escolas estaduais têm problemas de infraestrutura e que 21,47% carecem de professores. O levantamento mostrou, ainda, que em 22,6% há denúncias de insegurança ou de violência escolar, inclusive contra professores.Também acusou que quase 5% das unidades visitadas não estão preparadas para conviver com a chuva, sendo obrigadas a suspender as aulas ou funcionar em sistema de rodízio devido a salas com infiltrações ou paredes dando choque.

Esse problema pôde ser observado no inverno deste ano, não só nas escolas do interior como também da Região Metropolitana. Em Camaragibe ¿ a 14 quilômetros de Recife ¿ a Escola Nossa Senhora das Dores teve um prédio anexo interditado porque foi atingido por uma barreira, as paredes estavam rachadas e com muitas infiltrações, o que obrigou a diretoria a transferir 175 alunos para a sede do colégio, que fica do outro lado da rua.