Título: Mais justiça para o consumidor
Autor:
Fonte: O Globo, 11/03/2011, O País, p. 2

No ano em que a seção Defesa do Consumidor, do GLOBO, completa três décadas e o Código de Defesa do Consumidor alcança a maioridade, 21 anos, o brasileiro mostra que vai até o fim na luta pelos seus direitos. A reportagem deste domingo, que marca o Dia Mundial do Consumidor, comemorado na próxima terça-feira, revela o número crescente de processos na Justiça originados nas relações de consumo.

A seção Defesa do Consumidor também reflete o comportamento dos brasileiros na busca pelos seus direitos. Assim como ocorre na Justiça, o número de reclamações contra empresas enviadas por leitores ao GLOBO também só faz crescer. A seção, que começou com meia página na editoria Rio, em 1981, recebia menos de dez cartas por dia, quando foi transferida para a editoria de Economia, ganhando página inteira, às quartas-feiras, em 1990.

¿ Recebíamos tudo por carta. Depois houve uma migração para o fax e, mais tarde, para o e-mail. No ano passado, intermediamos 32.710 reclamações. Ao ler os e-mails, observamos, por um lado, o consumidor mais consciente, e por outro, uma enorme reincidência nos erros cometidos pelas empresas. Essa é uma das explicações para o número crescente de ações nos tribunais ¿ afirma a editora assistente Nadja Sampaio, há 20 anos responsável pela seção.

O GLOBO foi o primeiro jornal carioca a dar espaço para os consumidores enviarem as suas reclamações. Nos anos 80 e no início da década seguinte, sob o impacto da inflação galopante, o consumidor estava mais preocupado com o preço e o peso das mercadorias. Como o mercado não se abria para os produtos importados, era difícil para o brasileiro comparar a qualidade dos produtos. E as empresas nem call center tinham.

¿ Antes da criação do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, a lei maior era a portaria número 4 da Sunab, que proibia desde não enrolar peixe com jornal até lâmpadas que melhoravam o aspecto das carnes, em açougues. Hoje, as compras dos supermercados podem ser feitas pela internet, e todos os produtos têm prazo de validade ¿ lembra Nadja.

Em 2002, a Defesa do Consumidor ganhou mais uma página, aos domingos. E em 2004, foi implantado o banco de dados, no qual são cadastradas as queixas dos leitores e as respostas das empresas alvo das reclamações. De lá para cá, mais de 226 mil e-mails de consumidores foram cadastrados. Todos os problemas relatados pelos leitores são levados às empresas, que têm prazo de 15 dias para responder. E as respostas são enviadas aos consumidores com o objetivo de ajudá-los a resolver os seus problemas, mesmo que elas não sejam publicadas na seção.

¿ Hoje, vivemos um novo momento, em que o consumidor não está preocupado apenas em resolver o seu problema, mas também quer ver como as empresas respondem à demanda da sociedade. Há uma crítica veemente sobre a qualidade das respostas enviadas e, mais do que isso, um movimento de cidadania que quer saber mais sobre a ética e a sustentabilidade das empresas ¿ diz Luciana Casemiro, repórter da seção desde 2006.