Título: Alvo da cobiça de caciques políticos, setor hoje é loteado pelo PMDB
Autor: Oswald, Vivian; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 13/11/2009, Economia, p. 31

Lobão foi indicado por Sarney. Na era FH, PFL (hoje DEM) dava as cartas

BRASÍLIA. Historicamente, o setor elétrico sempre despertou a cobiça dos principais caciques políticos do país e vem sendo há muito loteado com critérios que extrapolam as exigências técnicas.

O que muda com o tempo são os comandantes das indicações, que variam de acordo com as alianças mais convenientes no momento. Por exemplo, enquanto o PFL (hoje DEM) teve seu apogeu entre 1998 e 2002, o PMDB ¿ que derrubou a muralha que o PT montou no início do governo Lula ¿ fincou os pés na área de lá para cá.

Na era Fernando Henrique Cardoso, quando por oito anos vigorou a dobradinha PSDB-PFL, os dois partidos comandaram os principais cargos do setor. No hoje chamado DEM, o senador baiano Antonio Carlos Magalhães e o então vice-presidente Marco Maciel foram responsáveis pela indicação de três ministros entre 1995 e 2002: Raimundo Brito, Rodolpho Tourinho e José Jorge.

Os pefelistas emplacaram ainda o primeiro diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo.

O PMDB figurava com alguns apadrinhados, sobretudo na Eletronorte (uma das quatro subsidiárias do Grupo Eletrobrás).

Indicações recentes do PMDB passaram por Sarney Com o governo Lula, em 2003 o PT assumiu os principais cargos, a começar pela ministra Dilma Rousseff, que não só comandou o novo marco do setor elétrico no Ministério de Minas e Energia como criou a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Porém, quando ela substituiu José Dirceu na Casa Civil, em meados de 2005, o PMDB avançou, tendo como maior cacique o senador José Sarney (AP). Mas as indicações também contemplam outros parlamentares do partido, como os deputados federais Jader Barbalho (PA) e Eduardo Cunha (RJ) e o senador e líder do governo Romero Jucá (RR).

São peemedebistas ainda os dois ministros de Minas e Energia que sucederam Dilma (Silas Rondeau e Edison Lobão) e diretores e presidentes de Eletrobrás, Furnas, Chef e Eletronorte. O PT conseguiu blindar apenas as atividades de planejamento (a EPE está com Maurício Tolmasquim, que esteve com Dilma no ministério) e fiscalização. A Aneel é comandada por Nelson Hubner, ex-secretário-executivo de Minas e Energia. Este cargo está atualmente nas mãos de outro técnico petista, Marcio Zimmermann