Título: Após acordo pró-Dilma, PMDB consegue mais verbas
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 06/11/2009, O País, p. 5

Partido é contemplado em outubro com empenho de R$ 35,8 milhões de emendas, quase 3 vezes valor obtido pelo PT

BRASÍLIA. No mesmo mês em que, num jantar em Brasília, fechou aliança para apoiar a candidatura presidencial da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o PMDB foi o partido mais contemplado em relação às liberações de emendas feitas pelo Planalto.

Segundo dados do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), o PMDB teve em outubro R$ 35,8 milhões em emendas parlamentares empenhadas ¿ quase três vezes o obtido pelo PT (R$ 13,6 milhões) e pelo PSB (R$ 13,3 milhões).

O empenho é o compromisso assumido pelo governo de que haverá o pagamento dos recursos destinados a obras e projetos em seus estados.

Pelo levantamento da assessoria da liderança do DEM, em outubro o empenho das emendas atingiu o maior valor no ano: R$ 252,4 milhões. Considerado baixo pelos parlamentares, diante de R$ 6 bilhões previstos no Orçamento, é maior do que os empenhos de setembro, R$ 97,8 milhões, e agosto, R$ 22,1 milhões. Em 2009, o total de empenho soma R$ 811,1 milhões.

O PMDB mostra desempenho acima da média dos aliados, mesmo considerando que é a maior bancada. Em outubro, o PR teve empenho de emendas individuais de R$ 4,5 milhões, o PCdoB, de R$ 4,2 milhões, o PDT, de R$ 4,0 milhões e o PP, de apenas R$ 2,4 milhões.

Os parlamentares de oposição conseguiram bons volumes de desempenho em outubro: o PSDB, R$ 9,5 milhões e o DEM, R$ 2,4 milhões. A oposição vê risco de a força do PMDB começar a incomodar outros partidos da base de Lula.

¿ O PMDB se impôs como peça fundamental na base do presidente Lula. Com o apoio do PMDB organizado, não existe mais CPI. Essas liberações mostram a consolidação do PMDB como principal força de sustentação do governo e da candidatura de Dilma ¿ afirmou o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ). ¿ O PMDB exerce cada vez mais poder. Isso provocará desequilíbrio e reação de outros partidos da base.

Para o líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), as liberações que favorecem o PMDB não seguem critérios políticos, mas técnicos.

Ele explica que o critério utilizado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, é de empenhar emendas que estejam associadas com programas que estão em execução pelos ministérios: ¿ O PT não tem nada que reclamar.

Se a emenda estiver no espírito das ações do governo, será liberada.

¿ É normal e natural que a execução do Orçamento contemple o maior partido do Congresso.

É conjuntural e não tem nada a ver com o acordo do PMDB para apoiar a candidatura da ministra Dilma. A campanha de Dilma não passa pela liberação orçamentária ¿ afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Em meses anteriores, o PMDB também foi mais favorecido, mas a diferença em favor dos peemedebistas aumentou em outubro. Em setembro, com o contingenciamento de emendas, o PMDB havia conseguido liberar R$ 5,9 milhões, enquanto o PT tinha conseguido o empenho de R$ 2,5 milhões