Título: Iphan critica falta de verba para segurança de museus
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 14/06/2008, O País, p. 12

Entidade diz que Ministério da Cultura deixou de liberar R$4,5 milhões para proteger obras

Flávio Freire

SÃO PAULO. Um dia depois do assalto à Estação Pinacoteca, em São Paulo, de onde foram roubados quatro quadros avaliados em R$1 milhão, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) criticou ontem a morosidade na liberação de recursos por parte do Ministério da Cultura para projetos de modernização e segurança de museus. Segundo a entidade, dos R$5,9 milhões autorizados em orçamento para tal fim, apenas R$1,4 milhão foi gasto - menos de 25% do que é esperado por dirigentes do setor.

"A verba destinada à modernização dos museus serve também para a compra de equipamentos e para a implantação de novas tecnologias voltadas à segurança, climatização, iluminação, reservas técnicas adequadas, centros de pesquisas, entre outros itens", diz o Iphan, em nota. O Ministério da Cultura informou que os recursos serão liberados até o fim do ano, como programado.

Enquanto isso, a direção da Pinacoteca estuda a instalação de detectores de metal, embora os equipamentos sejam vistos por alguns especialistas como uma forma de inibir os visitantes. Dar armas aos vigilantes e fazer revistas nos visitantes também são algumas das opções em discussão. O assalto à Pinacoteca aconteceu pouco depois do meio-dia, com o museu aberto à visitação pública. Cerca de dez pessoas estariam no local na hora do crime. A questão de segurança tornou-se ponto de honra para os dirigentes do museu do governo de São Paulo:

- Se não tiver outro jeito, vamos instalar os detectores de metal - disse o secretário de Cultura de São Paulo, João Sayad.

A polícia de São Paulo passou o dia de ontem assistindo a fitas do circuito interno de TV. Também ouviu funcionários, mas não revelou o teor dos depoimentos. Foi divulgado um retrato-falado de um dos assaltantes. As imagens divulgadas à imprensa mostram o momento em que um dos assaltantes rendeu o vigia que estava no segundo andar e quando dois dos ladrões deixam o local carregando os quadros em sacolas plásticas. Foram levados o óleo sobre cartão "Mulheres na Janela", de 1926, assinado por Di Cavalcanti, além das gravuras "Minotauro, bebedouro e mulheres", de 1973, e "O pintor e seu modelo", de 1963, de Pablo Picasso, além de "Casal", de 1919, obra de Lasar Segall. As peças, que não tinham seguro, estão avaliadas em R$1 milhão. A de Di Cavalcanti era a mais valiosa, em torno de US$500 mil.

A investigação está sendo feita pela mesma equipe que investigou o assalto ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), em dezembro de 2007, quando foram roubados os quadros "O lavrador de café", de Candido Portinari, e "Retrato de Suzane Bloch", de Picasso.

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