Título: Prioridade para jornalistas é criticada
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 13/04/2008, O País, p. 16

Pesquisadora diz que moradores de áreas rurais estão sendo preteridos

BRASÍLIA. A jornalista e pesquisadora da Guerrilha do Araguaia Myrian Luiz Alves critica a prioridade dada pela Comissão da Anistia de conceder benefícios aos jornalistas, no Rio. Ela conta que luta há sete anos para que a população camponesa que foi afetada pela guerrilha seja contemplada. Segundo Myrian, a lei impõe dificuldades aos camponeses, como a comprovação de posse das terras, e beneficia os que puderam comprovar vínculo empregatício.

A pesquisadora cita o exemplo de Lauro Rodrigues, um menino que, na época da guerrilha, tinha entre 15 e 16 anos e recolheu uma granada no chão. Perdeu um braço; um irmão, que estava com ele, morreu. Hoje, é secretário de Obras de São João do Araguaia, mas ainda luta para ser contemplado pela Lei da Anistia.

- Qual é o critério para os processos? Antes, se falava que era o da idade, agora a caravana resolveu anistiar jornalistas, talvez pelo aniversário da ABI. E o sofrimento no Sudeste do Pará, Norte de Tocantins e Sul do Maranhão? - cobra a pesquisadora.

O presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão Pires Júnior, divulgou nota reafirmando que os processos têm por base a Lei da Anistia. Nessa nota, ele afirma que a comissão tem procurado aplicar "rigorosos critérios de razoabilidade e compatibilidade com a realidade brasileira no que diz respeito aos valores pagos aos anistiados".

Indenizações mensais superaram R$20 mil

Abrão cita como exemplo o julgamento dos jornalistas na ABI. Diz que, em anos anteriores, foram concedidas indenizações mensais superiores a R$20 mil a profissionais da classe, e que nesse julgamento recente, os valores ficaram entre R$3,2 mil e R$4,3 mil.