Título: Bush quer Ucrânia e Geórgia na Otan
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Fonte: O Globo, 02/04/2008, O Mundo, p. 28

Presidente dos EUA enfrenta resistência interna de países europeus e forte oposição da Rússia

KIEV. Apesar de resistências européias, o presidente dos EUA, George W. Bush, proporá oficialmente hoje a entrada da Ucrânia e da Geórgia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar dos países ocidentais. A Rússia se opõe fortemente à admissão de duas ex-repúblicas soviéticas, que considera parte de sua área de influência.

A reunião da Otan começará hoje na Romênia. Bush, para marcar a sua posição, visitou ontem a Ucrânia. Ao discursar ao lado do presidente ucraniano, Viktor Yushchenko, ele se referiu à solicitação oficial de Kiev:

¿ Sua nação tomou esta importante decisão, e os EUA apóiam fortemente o requerimento. Ajudar a Ucrânia a entrar na Otan é do interesse de cada um dos membros da aliança, e auxiliará a espalhar a segurança e a liberdade nesta região e em todo o mundo.

Yushchenko afirmou que a Rússia não deveria influir numa decisão da Otan.

¿ Não quero que mude o princípio da aliança de que não há poder de veto para um país que não faz parte da aliança.

Apesar da pressão de Bush, a tarefa de convencer o grupo de 26 países será árdua. França e Alemanha lideram a resistência, acompanhadas por vários países europeus. Como as decisões na Otan são tomadas por unanimidade, basta um voto contrário para vetar a idéia. Ontem, o premier francês, François Fillon, deixou clara a posição de Paris:

¿ Nos opomos à entrada da Geórgia e da Ucrânia porque pensamos que tal ação não é uma boa resposta para o equilíbrio de poder dentro da Europa e entre a Europa e a Rússia.

Com a declaração, Fillon frisou as duas maiores resistências de Paris. A influência dos EUA na Europa Oriental provoca reações dos principais membros da UE. E Ucrânia e Geórgia representariam grandes problemas.

Na Ucrânia, só 33% da população apóiam a entrada na Otan. O caso da Geórgia é ainda mais complexo, devido à existência de duas áreas separatistas ¿ apoiadas por Moscou ¿ no país: Abcázia e Ossétia do Sul.

Putin é convidado da Otan como observador

O presidente russo, Vladimir Putin, não fez declarações ontem, mas seu governo está inflexível. Ele participará, como convidado, da reunião da Otan, na qual também combaterá a construção de um escudo antibalístico na Europa Central. Em Moscou, o vice-chanceler russo, Grigory Karasin, afirmou que a entrada de Kiev na Otan ¿significaria uma grande crise nas relações russo-ucranianas¿.

¿ A crise também afetará de modo grave a segurança pan-européia ¿ disse ele.

Depois da reunião da Otan, Putin e Bush terão um encontro na cidade russa de Sochi, no Mar Negro, na qual tentarão um acordo de desarmamento.

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