Título: Disputa pela liderança
Autor: Pereira, Daniel
Fonte: Correio Braziliense, 21/04/2009, Política, p. 9

Com o retorno de Roseana ao Maranhão, Lula define quem irá comandar a bancada governista. Ele irá escolher entre Ideli Salvatti e Osmar Dias.

Ideli (alto) tem a seu favor o fato de ser do PT. Opção por Dias (acima) seria estratégia de longo prazo O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolherá nesta semana o novo líder do governo no Congresso, que substituirá a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), empossada governadora do Maranhão na sexta-feira da semana passada. Dois nomes despontam como favoritos para o posto. São os senadores Ideli Salvatti (PT-SC) e Osmar Dias (PDT-PR). Ex-líder da bancada petista, Ideli tem pelo menos dois trunfos no páreo. Um deles é ser filiada ao partido do presidente da República. O outro, contar nos bastidores com a simpatia do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).

Em conversas com o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, Renan defendeu Ideli e rechaçou a possibilidade de a bancada peemedebista aceitar, por exemplo, a indicação de Aloizio Mercadante (SP), atual líder do PT, para suceder Roseana. Múcio e Renan veem com simpatia a tese segundo a qual a escolha de um petista serviria para atenuar um pouco o nível de tensão entre as duas maiores legendas governistas no Senado. A queda de braço entre as siglas ganhou corpo durante o embate entre José Sarney (PMDB-AP) e Tião Viana (PT-AC) pela Presidência da Casa. Segundo parlamentares, essa rixa está na origem de parte das denúncias que assolam o Congresso.

Já a escolha de Dias teria um propósito de mais longo prazo. Seria um passo dado por Lula a fim de atrair o PDT para a chapa presidencial encabeçada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Hoje, a prioridade do PDT é lançar uma candidatura própria em 2010, conforme o presidente em exercício da legenda, deputado Vieira da Cunha (RS). Para mudar o quadro, Lula já convenceu o PT a apoiar Dias na corrida pelo governo do Paraná. A indicação do senador para a liderança seria mais um gesto de deferência ao aliado.

Azarão Além de Ideli e Dias, há duas possibilidades em análise, que desempenham o mesmo papel de azarão. Uma delas é manter a liderança do governo no Congresso nas mãos do PMDB. O senador Valdir Raupp (RO) foi cogitado para a função no início do ano. Na época, pensou-se nessa solução como forma de abrir caminho para que Renan assumisse a liderança da bancada, o que ocorreu. Hoje, Raupp é considerado carta fora do baralho. Ele não quer voltar a ser ¿vidraça¿, ou alvo de investigações e denúncias por parte da imprensa. Resta como alternativa o senador Valter Pereira (PMDB-MS).

O PTB também está na disputa. O partido do ministro José Múcio comandava a liderança até o fim do primeiro mandato de Lula, com o então senador Fernando Bezerra (RN). O líder do governo no Congresso articula a votação de projetos cruciais, como o Orçamento da União e os vetos presidenciais. Além disso, tem acesso privilegiado ao gabinete do presidente da República. O posto, portanto, dá ao parlamentar a possibilidade de ter mais visibilidade. Visibilidade que pode ajudar as candidaturas de Ideli e Dias aos governos de, respectivamente, Santa Catarina e Paraná.