Título: Companhias vivem ilusão de segurança
Autor: Carvalho, Jailton de e Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 17/10/2007, Economia, p. 28

Fraudes atingem 46% das corporações do país, segundo pesquisa.

Apesar da incidência crescente de casos de crimes econômicos nas empresas e das altas somas envolvidas, predomina no mundo corporativo a ilusão de que há segurança. A confiança dos gestores na relativa imunidade de suas organizações a fraudes foi uma das constatações da PricewaterhouseCoopers na Pesquisa Global sobre Crimes Econômicos, em sua quarta edição. Foram feitas 5.428 entrevistas este ano, 76 das quais no Brasil. A mostra incluiu 40 países. Ainda que um número maior de crimes econômicos tenha ocorrido na base da pirâmide social das empresas, é no topo dela que estão as fraudes de maior valor.

No Brasil, 46% dos entrevistados responderam que suas empresas sofreram algum tipo de crime econômico nos últimos dois anos, contra 52% nos Estados Unidos. Em parceria com o Centro de Pesquisa em Crimes Econômicos da Martin-Luther University Halle-Wittenberg, da Alemanha, os pesquisadores da Price concluíram que, nos Estados Unidos, a maior incidência desses crimes se deveu ao fato de o ambiente ser mais controlado. Na América do Sul e Central, essa incidência foi de 39%.

No Brasil e no mundo, a lista de fraudes foi liderada por apropriação de ativos: 37% e 30%, respectivamente. Nenhuma empresa brasileira entrevistada constatou casos de lavagem de dinheiro, mas a percepção de que o risco existe chegou a 14%. Entre as estrangeiras, 4% delas registraram crimes de lavagem de dinheiro.

A pesquisa fez também um perfil sócio-econômico do fraudador. No Brasil, ele é do sexo masculino (88% dos casos) e tem escolaridade mediana (65% tinham concluído o segundo grau). Funcionários com mais tempo de casa (acima de dez anos), lideram a lista de fraudadores. O motivo é simples: ele tende a conhecer melhor a empresa e dominar suas vulnerabilidades.