Título: Múcio: A ordem no governo é gerar empregos
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 05/04/2009, O País, p. 8

Presidente cobra equipe, por não poder "segurar só no gogó"

BRASÍLIA. Além de pesquisas quantitativas, o Palácio do Planalto recebeu pesquisas qualitativas que indicam que a população não responsabiliza o presidente pela crise econômica. Mesmo assim, há grande preocupação com os reflexos da crise na economia real, principalmente o desemprego.

Lula tem cobrado ações de suas equipes, tanto na política como na economia, porque sabe que não segura a situação por muito mais tempo "só no gogó", segundo palavras de um auxiliar direto.

- A ordem no governo é gerar empregos. Lutar para a manutenção dos postos de trabalho. Por isso a iniciativa de compensar numa área onde é possível gerar mais emprego, como a construção civil. Não é com demissão, mas sim com contratação que vamos sair da crise e manter a popularidade. Essa percepção de algumas empresas de demitir para fazer economia é um erro grave - sentenciou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.

PT investirá em divulgação com programas de TV

Para evitar a queda da popularidade, o PT também está atuando e já decidiu lançar um plano de comunicação, em abril. O partido deve usar principalmente os programas partidários no rádio e na televisão para fazer o enfrentamento político.

- Com o impacto da crise, as pessoas ficam estremecidas com o futuro. Por isso, a gordura de popularidade que se queima é de quem aderiu à onda de que tudo estava muito bem. Agora, o apoio ao governo está consolidado na parcela da população que é beneficiada diretamente por programas do governo federal. Temos que fazer uma disputa política e mostrar a origem da crise. É preciso uma postura firme de enfrentamento - defendeu o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

Esse tom preventivo não é por acaso. O governo está ciente de que a crise pode afetar a pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em 2010. Apesar do patamar atual da ministra, que aparece nas pesquisas com 11% a 16% das intenções de votos para a sucessão de Lula, a percepção é que ela poderia estar numa posição melhor se não fosse a turbulência financeira. A expectativa é que ela chegue ao fim do ano na casa dos 20%.

Pesquisas em poder do governo apontam que o voto da ministra Dilma está bem distribuído. E que, apesar da crise, ela leva vantagem pela grande taxa de desconhecimento ao seu nome, hoje ainda superior à casa dos 50% da população. Por essa análise, a consolidação do voto de Dilma acontece aos poucos, mas de forma sustentável, o que é comemorado no governo.