Título: Investigação da investigação
Autor: Dalvi, Bruno
Fonte: O Globo, 19/12/2008, O País, p. 16

Corregedoria da PF vai monitorar operações.

BRASÍLIA. A partir de 2009, a Corregedoria Geral da Polícia Federal fará monitoramento permanente dos policiais destacados para as investigações mais importantes da PF. O diretor da corporação, Luiz Fernando Corrêa, decidiu endurecer o controle sobre a atuação de delegados e agentes nas grandes operações de combate à corrupção, mas nega que seja mais uma reação da cúpula da polícia à atuação do delegado Protógenes Queiroz à frente da Operação Satiagraha, apuração sobre supostos crimes do banqueiro Daniel Dantas.

Após a operação, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) iniciaram um movimento para tornar mais rigorosa a lei de abuso de autoridade, entre outras medidas de contenção da atuação da polícia.

- A corregedoria fará a correição, o monitoramento da qualidade do inquérito. Se o delegado está cumprindo o prazo, se formalmente o inquérito está correto. Mas não quero só esse controle formal, quero o controle de conteúdo - disse Corrêa.

Segundo ele, os delegados da corregedoria deverão verificar se os policiais escalados para grandes investigações estão cumprindo rigorosamente o Manual de Gestão e Planejamento Operacional, editado quando chegou ao comando, em agosto do ano passado. A idéia seria conter excessos e desvios de conduta dos policiais em busca e apreensão de documentos e em prisão de acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e sonegação, entre outros crimes. E justificou:

- Não é que esteja havendo (abusos). Temos que aprimorar e zelar por isso. E fazer isso com zelo, cuidado e conhecimento. Temos que evoluir, inclusive no nível de perguntas - disse o diretor, irritado com as perguntas sobre os motivos do reforço da fiscalização interna.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu ontem, na CPI dos Grampos, uma lei que permita escutas telefônicas em presídios. A polícia poderia gravar conversas de presos, de servidores públicos e até de advogados dentro dos presídios. A idéia é do presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ).

- Preservada a intimidade do preso no seu direito de receber uma companheira, entendo que devem ser estabelecidas normas de interceptações telefônicas permanentes nos presídios - disse Tarso.