Título: Desemprego atinge milhões de jovens
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 05/09/2007, O País, p. 14

Pesquisa avalia a relação trabalho e educação na América Latina e Caribe.

BRASÍLIA. Um em cada cinco jovens da América Latina e do Caribe, o equivalente a 22 milhões de pessoas, não estuda nem trabalha, diz relatório divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). São pessoas com idade que variam entre 15 e 24 anos.

Segundo o estudo realizado pela OIT, existem hoje cerca de 10 milhões de desempregados nessa faixa etária, o que representa uma taxa de 17%. Entre os adultos, o índice de desemprego verificado pela pesquisa foi bem menor: 6%.

- A falta de oportunidade de estudo e emprego cria uma situação indesejável socialmente. É preciso criar alternativas de trabalho decente para os jovens - diz a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.

Laís destacou que 72% dos jovens que não estudam nem trabalham são mulheres. A hipótese é que sejam jovens que geralmente ficam em casa tomando conta dos irmãos menores ou cuidando dos próprios filhos.

Um jovem recebe 56% do salário de um adulto

Intitulado "Trabalho Decente e Juventude - América Latina", o relatório afirma que 31 milhões de jovens têm empregos precários, isto é, sem carteira assinada. "O que mais diferencia os jovens dos adultos é o tipo de emprego a que eles têm acesso. Dois de cada três jovens trabalham em atividades informais, onde freqüentemente a remuneração é menor que o salário mínimo e sem cobertura da previdência social. Em termos de renda, um jovem ganha, em média, 56% do que um adulto percebe", diz o relatório da OIT.

Laís lembra que os jovens de hoje nasceram nos anos 1980, a chamada década perdida, quando a América Latina apresentou baixo crescimento econômico. Um cenário, portanto, diferente do verificado nos dias de hoje. O relatório aponta que os níveis de desemprego registrados em 2005, ano-base dos dados, eram maiores do que em 1990.

A diretora da OIT aponta outro paradoxo constatado no estudo: o nível de escolarização dos jovens hoje seria maior do que o verificado há 20 anos atrás.

- Nunca houve uma população tão escolarizada na América Latina. Existe um potencial de emprego e criatividade que tem que ser aproveitada. É preciso desenvolver políticas integradas para transformar um problema em solução - diz Laís Abramo.

De acordo com o estudo, a redução do desemprego de jovens pela metade faria crescer os níveis de produção da região, na faixa de 4,9 a 7,8 pontos percentuais. Dos 106 milhões de jovens na região, 49 milhões estudam e 17 milhões têm empregos formais.

Dois programas brasileiros são citados por êxito

O relatório da OIT também lista iniciativas consideradas exitosas para abrir oportunidades à juventude. São destacados dois programas brasileiros: o Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas em instituições particulares a estudantes de baixa renda e o Plano Setorial de Qualificação - Trabalho Doméstico Cidadão, do Ministério do Trabalho, que oferece qualificação profissional a empregadas domésticas.