Título: Aumenta a resistência dos partidos
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 04/03/2009, Política, p. 04

Uma frente de pequenos e médios partidos ¿ PSB, PPS,PDT, PCdoB, PSol e PMN ¿ está sendo articulada para barrar a reforma partidária proposta pelo governo, que divida a base governista e a oposição. Mesmo parlamentares de grandes partidos, como o PMDB, tem pesadas críticas às propostas encaminhadas pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, ao Congresso Nacional. a reforma prevê o voto em lista fechada, o financiamento público de campanha, a proibição de coligações proporcionais, a cláusula de barreira, a redistribuição do tempo de televisão dos partidos sem candidatos próprios e a inelegibilidade dos candidatos condenados na Justiça em segunda instância.

¿Nós vamos organizar uma frente de resistência ao casuísmo da proposta enviada pelo governo, pois não somos contra uma reforma política de verdade.

Somos contra o fim das coligações proporcionais, a cláusula de barreira e outros dispositivos com o nítido propósito de fortalecer ainda mais os grandes partidos e eliminar os demais¿, justifica o vice-líder do PPS, deputado arnaldo Jardim (SP), um dos articuladores da frente, juntamente com o deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e o líder do PSB, Armando Rollemberg (DF).

Um dos mais insatisfeitos com a reforma é o deputado Ciro Gomes (PSB), que critica duramente o ministro da Justiça, Tarso Genro, por apresentar a proposta sem ampla discussão na base do governo. ¿Esse é um arremedo de reforma política, uma tentativa de fortalecer o PT e o PMDB e acabar com os pequenos partidos. Do jeito que está, a única medida que será aprovada é a abertura de prazo para o troca-troca partidário¿, dispara. Outro insatisfeito com a reforma é o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que critica o voto em lista fechada, o fim das coligações e a cláusula de barreira por fortalecer as burocracias partidárias e inviabilizar a sobrevivência dos pequenos partidos. ¿Uma reforma política é necessária, mas não nos termos que estão apresentados¿, critica.

Propostas O líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), defende a reforma. acredita que o projeto do governo pode ser aprovado de forma escalonada. ¿O importante é começar a reforma com base nos consensos existentes. as propostas mais polêmicas podem ser aprovadas para entrar em vigor em 2014¿, sugere. a rigor, nenhum partido, com exceção do PT, apoia integralmente o projeto enviado por Genro. Mesmo o PMDB, que é beneficiado pela maioria das propostas, faz restrições ao dispositivo que anula o tempo de televisão dos partidos que não lançarem candidatos próprios nas eleições. a deputada Rita Camata (PMDB-ES), por exemplo, é uma das articuladoras da frente. Não está de acordo com o voto em lista fechada, que obriga os eleitores a votar nos partidos e não nos nomes de seus candidatos. Com o fim do voto uninominal nas eleições proporcionais, seriam eleitos os primeiros nomes da lista elaborada pelo partido e não os mais votados, como ocorre hoje.