Título: Dilma: governo fará reforma da Previdência
Autor: Damé, Luiza e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 09/02/2007, Economia, p. 30

A dois dias da instalação do fórum, Mantega responde que 'não é possível colocar o carro na frente dos bois'

Luiza Damé e Martha Beck

BRASÍLIA. O governo pretende fazer uma Reforma da Previdência, afirmou ontem a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. No entanto, as mudanças precisam ser consensuais e com prazo de transição entre as regras atuais e as futuras para não ferir direitos dos trabalhadores e prejudicar quem ganha menos. Ou seja, a reforma não pode sair "do bolso do governo" para apresentação ao Congresso.

- Esse é um assunto delicado. Temos de construir as condições (para fazer a reforma) e um grande leque de sustentação - disse Dilma.

O caminho para buscar o consenso será o Fórum da Previdência, criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que será instalado na próxima segunda-feira. Com o fórum, o governo espera elaborar uma proposta com apoio dos diversos setores envolvidos (empresários, trabalhadores, aposentados e setor público) para facilitar a aprovação no Congresso e evitar mudanças que desfigurem o texto.

- Apostamos que será uma reforma correta, uma sinalização precisa para o futuro do País - disse Dilma.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou ontem, mais uma vez, ser contrário à reforma. Ao ouvir que Dilma teria dito que aposta numa nova reforma, rebateu:

- Ela falou a opinião pessoal dela. Nós estamos instalando um fórum na semana que vem e o governo se preocupa com a sustentabilidade da previdência no longo prazo. Primeiro, temos que discutir os problemas da previdência para saber quais são as soluções que nós vamos adotar, se é uma reforma, se são modificações, etc. Não vamos colocar o carro na frente dos bois. O governo não tem uma posição ainda em relação a isso. Provavelmente, poderemos desembocar nessa solução, mas vamos discutir no fórum.

O ministro também rebateu as críticas feitas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em documento divulgado ontem, a entidade diz que as ações de desoneração são insuficientes e que as previsões de crescimento da economia são muito otimistas:

- Quem está dizendo que o país não vai crescer vai perder uma aposta. Eu aposto aqui com o economista-chefe da CNI que o país vai crescer e vai crescer mais do que no ano passado. Aliás, já está crescendo mais do que no ano passado.

A CNI também ressalta que o governo não foi ousado no que se refere ao controle dos gastos públicos, mas o ministro também respondeu:

- Estamos controlando os gastos correntes, sim senhor, e estamos aumentando o investimento, que é exatamente a fórmula adequada para o país crescer mais.