Título: Aftosa: governo detecta vírus no MS
Autor: Oliveira, Eliane e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 09/02/2007, Economia, p. 29

Agricultura não vê razão para novos embargos às exportações brasileiras

Eliane Oliveira e Luciana Rodrigues

BRASÍLIA e RIO. As tentativas do governo brasileiro de convencer a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) a restabelecer o status de mercado livre de febre aftosa com vacinação no Mato Grosso do Sul poderão ser prejudicadas. O Ministério da Agricultura informou ontem que três municípios do estado - Eldorado, Japorã e Mundo Novo - permanecerão interditados devido à presença do vírus em exames sorológicos dos animais. O último registro tinha sido em 2005.

Os exames foram realizados entre outubro de 2006 e janeiro de 2007. Das 11.449 amostras, de 444 propriedades, registraram-se 2,7% de bovinos "reagentes", ou seja, com quantidades de vírus acima dos índices normais nas zonas livres de aftosa (menos de 1%). A maior concentração foi em Japorã. O próximo passo será intensificar as ações sanitárias, incluindo reforço da vacinação.

Para o ministério, isso não justifica novos embargos às exportações de carnes brasileiras, já que não há mais focos da doença, ou seja, animais clinicamente doentes. Segundo o ministério, as ações sanitárias nos focos de aftosa impediram a difusão do agente viral, mas "não permitiram a eliminação do vírus na área".

Gripe aviária e gado afetaram agroindústria em 2006

A gripe aviária e o embargo à carne brasileira por causa da febre aftosa derrubaram a agroindústria nacional em 2006. O setor cresceu 1,6%, recuperando-se da queda de 1% de 2005, porém com ímpeto menor que a média da indústria, que registrou expansão de 2,8%. Enquanto em 2005 as lavouras foram o vilão da agroindústria devido à estiagem, em 2006 foi a pecuária.

Com peso de 29% na agroindústria, as fábricas ligadas pecuária amargaram queda de 0,8%. A produção de aves recuou 3,4%, devido à redução das exportações frente ao temor de consumidores, principalmente de Europa e Oriente Médio, com a gripe aviária.

Já a indústria ligada à agricultura teve alta de 3,4% no ano passado, contra queda de 4% em 2005. O clima continuou afetando a soja (-5%), mas a demanda mundial por álcool fez a produção de cana-de-açúcar crescer 7,9%.