Título: EM PE, PEFELISTA SE COLA A JARBAS E RENEGA TUCANO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 01/10/2006, O País, p. 33

Mendonça: `continuação da mudança¿

RECIFE. A pregação do voto casado com o campeão de intenções de voto ao Senado, o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), foi a estratégia do candidato José Mendonça Filho (PFL) na reta final de sua campanha à sucessão estadual. Diante dos números favoráveis ao presidente Lula, sua coligação tomou uma segunda iniciativa: desvincular a campanha majoritária do estado da do candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) ¿ apesar de seu vice, o senador pernambucano José Jorge Vasconcelos, ser pefelista. Ele quase não apareceu no programa eleitoral gratuito do candidato à sucessão estadual, que figura como favorito, mas sem chance de vencer no primeiro turno.

A União por Pernambuco (PFL, PMDB, PSDB e PV) investiu na popularidade de Jarbas, que governou o estado duas vezes seguidas. Mendoncinha, como é mais conhecido, era vice de Jarbas e assumiu o Palácio do Campo das Princesas, quando o peemebedista desincompatibilizou-se para disputar a vaga no Senado. Desde então, o governador se coloca como principal alternativa da ¿continuação da mudança¿. Uma forma de evitar ser encarado como o candidato do continuísmo. Seus opositores, principalmente do PSOL e do PSTU, acusam-no de representar as oligarquias no estado. O pefelista é filho do deputado José Mendonça (PFL-PE), um dos caciques da política local.

Eduardo Campos (PSB) foi quem mais cresceu nas pesquisas e assusta a chapa oficial, que o acusa de ter arrebentado o estado no governo do avô, o falecido Miguel Arraes (PSB), de quem foi secretário da Fazenda.

Campos é herdeiro político do maior mito da política pernambucana e investiu no retorno do que chama de ¿arraesismo¿. Passou a ser atacado pelo líder nas pesquisas desde que ultrapassou o ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT), indiciado pela Polícia Federal no inquérito que investigou a Máfia dos Vampiros.

Se Mendonça Filho desatrelou-se quase totalmente de Alckmin, Costa explorou o quanto pôde sua ligação com Lula, que, em Pernambuco, tem mais de 60% das intenções de voto.

Campos também tentou explorar a aproximação com Lula, de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia, mas foi impedido pelo TRE de usar a imagem do presidente na TV. Nos últimos programas, apostou na emoção, veiculando cenas de comícios com o escritor Ariano Suassuna, seu cabo eleitoral mais notável.