Título: CMN REGULAMENTA NOVA TR PARA IMÓVEL
Autor: Martha Beck e Luciana Casemiro
Fonte: O Globo, 28/09/2006, Economia, p. 28

Economia em contrato de 15 anos pode chegar, nesse caso, a 11,42%

BRASÍLIA E RIO. O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu ontem as regras que faltavam para que as principais medidas do pacote de estímulo ao setor imobiliário entrem em vigor. A partir de agora, os financiamentos feitos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) - com recursos da caderneta de poupança - já podem ter três tipos de correção: TR (Taxa Referencial) mais juros de até 12% ao ano; apenas 12% ou TR "travada" mais juros de até 12%.

A composição da TR "travada" foi uma das decisões do CMN. Ela será calculada com base na média da taxa diária da TR nos 90 dias anteriores e será divulgada pelo Banco Central no último dia útil de cada mês, com validade para o seguinte. Um contrato desse tipo teria hoje uma taxa máxima de 14,2% ao ano (12% mais 2,2% da TR).

Mutuário saberá o valor da prestação até a quitação

Mantega destacou que a maior vantagem deste tipo de juros é que o cliente saberá exatamente quanto terá que desembolsar por mês na hora de comprar a casa própria:

- A grande vantagem é que as instituições financeiras poderão dar financiamento habitacional a prestações fixas, que é algo muito apreciado pelo tomador do empréstimo. Em geral, o consumidor brasileiro gosta de saber qual a prestação que vai pagar - disse Mantega.

Essa também é a avaliação do presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Décio Tenerello:

- O brasileiro tem aversão a prestações pós-fixadas.

A TR "travada" dependerá do mês em que o cliente fechar o financiamento, mas vai vigorar ao longo de todo o contrato.

Simulações feitas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), de financiamentos de R$100 mil, em 15 anos, nas três modalidades de crédito, mostram uma economia ao fim do contrato de R$41.907,62, na comparação de um empréstimo sem TR com o tradicional do SFH (TR mais 12% ao ano). Com a TR "travada", a redução foi de R$26.287,64.

Apesar do ganho evidente, o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, recomenda cautela. Para ele, quem está planejando comprar a casa própria deve adiar a decisão até que o mercado se defina:

- Quem optar pela TR "travada", por exemplo, pode vir a pagar mais de quem tiver um financiamento tradicional. A tendência é de queda da taxa.

O economista Luiz Carlos Ewald, da Fundação Getulio Vargas, diz que num cenário de competição deve-se avaliar, além das condições de financiamento, as tarifas de crédito cobradas pelo banco:

- Alguns bancos podem oferecer linhas aparentemente mais vantajosas, mas há taxas de administração que acabam encarecendo o empréstimo.

INCLUI QUADRO: O IMPACTO SOBRE O CRÉDITO