Título: HH E CRISTOVAM: REELEIÇÃO AMEAÇA DEMOCRACIA
Autor: Mariza Louven/Ciça Guedes
Fonte: O Globo, 06/09/2006, O País, p. 12

Candidata do PSOL e pedetista dizem que vitória de Lula no primeiro turno teria viés autoritário

BRASÍLIA. Os candidatados a presidente Heloísa Helena (PSOL-AL) e Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmaram ontem que uma eventual vitória em primeiro turno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia trazer conseqüências negativas para a democracia. Para a senadora Heloísa Helena, a reeleição de um governo marcado por escândalos de corrupção seria um mau exemplo para as novas gerações:

-- É muito ruim. É a vitória do parasitismo político, de mensaleiros, sanguessugas e outras formas mais degeneradas de apropriação do aparelho do Estado por uma gangue partidária. Isso legitima, no imaginário popular, que está tudo bem, que pode ser ladrão mesmo, que não há cadeia para alguns. É muito ruim para o aprimoramento da democracia e ruim como exemplo para nossas crianças e jovens.

Para Cristovam, se a eleição for decidida no primeiro turno, o país corre o risco de ter um governo autoritário:

-- Vai ser muito ruim se Lula ganhar no primeiro turno. Ele vai chegar numa arrogância que será antidemocrática. A tendência de termos um regime autoritário é grande.

Tanto Heloísa quanto Cristovam disseram que acreditam na mudança do quadro eleitoral. Segundo o pedetista, a descrença na classe política levou a população "a uma letargia eleitoral".

Heloísa: "Como não acreditar no povo?"

A candidata do PSOL disse que, no corpo-a-corpo com eleitores, não sente os números das pesquisas, que mostram sua queda:

- Sentimos nas ruas a alegria das pessoas demonstrando intenção de votar e de trabalhar para a candidatura. Se eu acredito em Deus, que não pode ser tocado nem localizado geograficamente, como é que não posso acreditar no povo brasileiro? Trabalhamos para estar no segundo turno.

Heloísa e Cristovam visitaram a Feira do Livro de Brasília, onde receberam o "Manifesto do povo do livro", assinado por 1.500 personalidades do mundo literário, que reivindicam políticas para a área. Os dois disseram que, se eleitos, vão priorizar programas que incentivem a leitura.

(*) Da CBN, especial para O GLOBO