Título: ALCKMIN PROPÕE PARCERIAS PARA INFRA-ESTRUTURA
Autor: Mariza Louven/Ciça Guedes
Fonte: O Globo, 06/09/2006, O País, p. 12

Programa tucano destina R$250 bilhões a energia, saneamento, transporte e meio ambiente

SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, apresentou ontem as propostas para o setor de infra-estrutura. Com previsão de investimentos de cerca de R$250 bilhões para as áreas de energia, saneamento básico, transporte, logística e meio ambiente, Alckmin afirmou que, se eleito, não pretende dar prioridade às privatizações, mas a programas de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Gás: de 15,8 milhões para 70 milhões de metros cúbicos/dia

Depois de apresentar metas para o setor de agricultura a ruralistas do Rio Grande do Sul, o candidato tucano divulgou seu plano de investimentos a cem empresários do setor de infra-estrutura reunidos na Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústria de Base (Abdib). Depois do encontro, Alckmin criticou a política de investimentos do atual governo para o setor:

- O governo não faz o investimento que deve na infra-estrutura do país porque gasta muito e mal. Além disso, o setor privado não confia neste governo.

O programa prevê aumento da produção de petróleo dos atuais 1,88 milhão para 2,37 milhões de barris/dia em 2011. No mesmo período, a produção de gás natural passaria dos atuais 15,8 milhões para 70 milhões de metros cúbicos/dia. Diz ainda o documento que Alckmin, em quatro anos de governo, irá construir os gasodutos Urucu-Coari-Manaus e Urucu-Porto Velho - este até o fim de 2012.

Na área de saneamento básico, setor para o qual estão previstos investimentos de R$178 bilhões, o programa do PSDB prevê o tratamento de 50% do esgoto sanitário urbano coletado do país até 2014. O último dado registrado pelo programa é de 2004 e mostra que o país, naquele período, tratava 31,3% do total de esgoto urbano.

Para o setor de transporte e logística, Alckmin prometeu criar o programa Transporte para o Desenvolvimento, com investimento de R$37 bilhões na recuperação de 22 mil quilômetros de rodovias, com a manutenção da infra-estrutura existente, conclusão de projetos em andamento e novas obras.

O projeto prevê um projeto de navegabilidade de rios e expansão de ferrovias, assim como uma redução de 5% nos custos de transporte de carga e de 15% nas tarifas de transporte de pessoas até 2010.

Empresários: governo investe 70% do necessário

No capítulo dos transportes coletivos urbanos, o programa prevê investimentos de R$30,6 bilhões em ônibus, trens urbanos e metrô. O programa prevê que o governo federal coordenará a distribuição de recursos da seguinte forma: a União desembolsará R$14,3 bilhões; os estados, R$6,1 bilhões; os municípios, R$2,6 bilhões; a iniciativa privada, R$1,6 bilhão; e organismos de financiamento arcariam com R$7,8 bilhões.

A Abdib apresentou propostas para os cem primeiros dias de governo. Os empresários afirmam que o setor de infra-estrutura requer R$87,7 bilhões para investimentos em energia elétrica, petróleo e gás natural, transportes, telecomunicações e saneamento básico. Atualmente, dizem os empresários, o governo investe nessas áreas 70% do valor necessário.

'Não preciso de muleta', diz tucano

Alckmin reage à ausência de líderes do partido na campanha

SÃO PAULO. Ao reagir às críticas de que dirigentes do PSDB o mantêm isolado na campanha eleitoral, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, disse ontem que não precisa de muleta para disputar a Presidência e que a prioridade em seu programa é o povo. Alckmin quase nunca tem a companhia do alto escalão do partido e dribla o fogo amigo de candidatos que declararam apoio a Lula, como o governador tucano Lúcio Alcântara (CE):

- Não sou candidato do PT, que precisa de muleta. Eu assumo, tenho liderança. Quem aparece no meu programa é o povo - disse ele, na sabatina da "Folha de S. Paulo", em que jornalistas perguntaram sobre a ausência de líderes do PSDB na platéia. O único que acompanhava Alckmin era o coordenador da campanha em São Paulo, José Carlos Meirelles. O ex-presidente nacional do PSDB José Aníbal chegou atrasado.

Um dia após a Justiça Eleitoral proibir a divulgação no programa tucano de imagens relacionando Lula a corrupção, Alckmin disse que tal decisão pode dar margem à censura:

- Não pode haver proibição de fatos que são públicos. Não pode haver censura.

Ele disse que vai para o segundo turno:

- Nossa chance é grande no segundo turno: tenho menor rejeição que Lula e ele tem menor poder para agregar votos.

Alckmin disse que pretende, se eleito, fazer a transposição do Rio São Francisco e defendeu o Pro-Uni, que destina vagas nas universidades a estudantes carentes. Indagado se o escândalo do mensalão poderia ser colocado no mesmo degrau das denúncias sobre compra de votos para a emenda da reeleição, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, Alckmin surpreendeu com a resposta:

- Não era para a reeleição do Fernando Henrique, era para a eleição do país.