Título: Aliados de Garotinho inflam PSC e PMN; Rosinha diz que fica no PMDB
Autor: Maia Menezes
Fonte: O Globo, 01/10/2005, O País, p. 4

Partidos nanicos fazem parte da base do governo do Estado do Rio

O grupo político do secretário de Governo do Rio, Anthony Garotinho, espalhou seus domínios para além do PMDB. Na reta final das filiações, vereadores, ex-prefeitos, deputados e integrantes da cúpula do governo Rosinha Garotinho migraram para os partidos de sustentação da administração estadual. A atitude é a mesma que chegou a ser cogitada pela governadora, convidada pelo PSC para ser candidata à Presidência.

Vice-presidente do diretório regional do Partido da Mobilização Nacional (PMN), o secretário estadual de Ação Social, Fernando William, calcula que até hoje à noite a lista dos candidatos a deputado estadual chegue a 105 (o limite para o partido) ¿ todos eles, segundo ele, aliados do ex-governador Garotinho.

Da lista do secretário de Ação Social, aliado de Garotinho desde que os dois eram do PDT, fazem parte deputados como Geraldo Moreira e Alessandro Calazans e o ex-vereador Mário Del Rey ¿ um dos coordenadores dos militantes do ex-governador nas eleições presidenciais de 2002. William disse ainda que conversou ontem com prefeitos do interior para convencê-los a fazer a troca de partido até hoje. Entre os pré-candidatos a deputado estadual que migraram para o PMN está o delegado Paulo Souto, subsecretário operacional de Segurança Pública.

O presidente do diretório estadual do PSC, Ronald Ázaro, disse que o número de pré-candidatos a deputado estadual era de 120 até ontem. Para deputado federal, o número chegava a 70. Entre eles, os secretários de Administração, Rogério Vargas, e de Justiça, Sérgio Zveiter.

¿ Certamente não haveria espaço para todos os aliados de Garotinho no PMDB. Nós iniciamos essa ação conjunta há mais de dois anos. Temos no partido vereadores, ex-prefeitos e pessoas que estavam dentro da máquina do governo ¿ disse Ronald Ázaro.

O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, é uma baixa no PSC. Ele, que se filiou há 20 dias ao partido para se candidatar a deputado federal, transferiu-se para o PMDB. Concorrerá a deputado estadual, compondo com o secretário estadual de Segurança, Marcelo Itagiba, candidato a deputado federal pelo partido.

Depois de ter sido assediada pelo PSC, Rosinha afirmou ontem que decidiu ficar no PMDB. Pesou na decisão a preocupação com a imagem do casal, que percorreria separado os palanques de 2006, e a ponderação de Garotinho de que ganhou um aliado definitivo no PMDB: o deputado federal Michel Temer (SP).

¿ Eu permaneço no PMDB. Recebi um convite de um partido pelo qual tenho muito carinho. Mas estamos no PMDB e vamos lutar por um espaço dentro do PMDB ¿ disse Rosinha, para quem já tinha sido preparada ontem, por integrantes do PSC, uma festa de filiação.

Prévia do PMDB decidirá futuro do casal

O futuro político do casal estará em jogo nas prévias do PMDB marcadas para 5 de março do ano que vem, em Brasília. Cerca de 20 mil delegados, caso o partido mantenha a posição de ter candidatura própria à Presidência em 2006, escolherão o candidato. Votam os presidentes dos diretórios municipais e estaduais, vereadores, senadores, prefeitos e governadores.

Caso Garotinho consiga a candidatura, Rosinha permanecerá no cargo. Se perder, ela será candidata ao Senado ¿ neste caso, o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, seria seu suplente. Garotinho tentaria uma vaga na Câmara dos Deputados.