Título: Apoio do PL, garantido com promessa de Lula, deve levar Aldo ao 2º turno
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 28/09/2005, O País, p. 4

Valdemar Costa Neto, que renunciou para escapar da cassação, ajudou

BRASÍLIA. Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como seu maior cabo eleitoral, o candidato governista à presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), larga hoje com a vantagem de uma vaga praticamente garantida num possível segundo turno da eleição. A vitória de Aldo é a grande aposta do Planalto para tentar tirar o governo da onda negativa que o cerca desde o começo da crise política há quase quatro meses.

Depois das investidas do Planalto, Aldo recebeu ontem à noite o apoio oficial do PL, partido que tem uma bancada de 47 deputados. O ato, realizado num dos plenários do anexo dois da Câmara, teve a presença de cerca de 30 deputados da bancada, do líder Sandro Mabel (GO) e do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato de deputado por causa das denúncias de seu envolvimento com o esquema montado pelo PT e pelo empresário Marcos Valério de Souza. Mabel também é acusado de participar do esquema.

Governistas dizem que Aldo já tem no mínimo 180 votos

Os votos do PL, somados ao apoio que Aldo já recebeu do PT, do PSB, do PCdoB e da ala governista do PMDB, fazem do candidato do governo o favorito nas eleições, apostavam ontem os aliados do Planalto.

¿ O mais importante é a estabilização política do país, pois vai permitir a recuperação do nosso partido ¿ disse Mabel.

O apoio do PL, que segundo os governistas permite a Aldo largar com um patamar mínimo de 180 votos, começou a se desenhar na noite de segunda-feira, quando cerca de 50 deputados do partido se reuniram e concluíram que não apoiariam a candidatura de João Caldas (PL-AL). Após a reunião, Caldas se encontrou com o candidato do PP Ciro Nogueira (PI) para antecipar sua intenção de apoiá-lo se o PL confirmasse o apoio a Aldo Rebelo.

Para garantir o apoio do PL, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, negociou com os principais líderes do partido depois da visita que fez de manhã ao Palácio do Planalto. No encontro, o vice-líder do partido, Miguel de Souza (RO), já havia garantido ao ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, que 70% dos deputados da bancada votariam no candidato do governo mesmo que Caldas insistisse em despistar. Ontem de manhã, Nascimento informou a Aldo que o partido se preparava para desembarcar em sua candidatura.

¿ A nossa situação melhorou muito. Vai ter segundo turno porque existem muitos candidatos. Nossa tarefa é buscar 50 votos para garantir a vitória ¿ disse o líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE).

Evangélicos pedem referendo sobre aborto

Ontem Aldo conversou por telefone ou pessoalmente com os deputados. Com dois celulares nas mãos, foi a alguns gabinetes e participou de uma reunião com a bancada dos evangélicos, que tem 60 votos.

O coordenador da Frente Evangélica, Adelor Vieira (PMDB-SC), pediu seu apoio para a realização de referendo sobre a legalização do aborto e da união civil entre pessoas do mesmo sexo. Aldo não se comprometeu, mas disse que tinha simpatia pela combinação da democracia representativa (parlamentar) com a democracia direta (consultas populares).

Enquanto buscava o voto dos evangélicos, no Palácio do Planalto o ministro Jaques Wagner obtinha a garantia de que o candidato do PTB, Luiz Antonio Fleury (SP), não se retiraria da disputa. Isso interessava ao governo e também à oposição, pois sem os votos trabalhistas dificilmente Ciro Nogueira conseguirá tirar Nonô do segundo turno.