Título: Bancos começam em duas semanas a financiar computador de até R$ 1.400
Autor: Mônica Tavares
Fonte: O Globo, 06/08/2005, Economia, p. 28

Consumidor poderá pagar em até 24 parcelas, com juros mensais de até 3%

BRASÍLIA. Em duas semanas, a rede bancária estará financiando o chamado computador popular. O preço à vista do equipamento será de, no máximo, R$1.400, graças a uma linha de crédito aberta pelo BNDES para baratear o custo de produção. O consumidor poderá pagar em até 24 parcelas, com juros de até 3% ao mês.

Esta é a segunda fase do programa PC Conectado, do governo federal. A primeira, que consiste na venda de computadores pessoais no varejo por até R$2.400, já está implementada e prevê isenção do PIS e da Cofins na venda ao consumidor final. Mas faltava ao governo colocar no mercado a segunda opção, mais barata, porque conta com dinheiro do BNDES.

Equipamento terá software livre, pelas regras do governo

O diretor da instituição, Cláudio Leal, disse ontem que a instituição recebeu da Presidência da República um ofício com 20 páginas, com todas as especificações do computador, que terá software livre. Segundo Leal, eram essas especificações que faltavam para que o BNDES pudesse oferecer o equipamento ao público.

- Estamos fazendo ajustes em nossos sistemas e em duas semanas poderemos oferecer o financiamento online - disse.

Uma novidade é que a conexão à internet, antes obrigatória, agora será opcional. O credenciamento da indústria no Processo Produtivo Básico (PPB), uma das exigências para que o computador seja financiado, será feito pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

Leal esclareceu que, embora alguns varejistas já estejam anunciando o "PC Conectado", o banco não fez ainda qualquer operação. Ele destacou que existe um interesse muito grande e que os comerciantes fazem consultas diárias sobre o financiamento. Mas afirmou que a grande preocupação do BNDES é com a fiscalização:

- Quem vai acompanhar se os micros chegaram ao consumidor? Ou se as lojas cobraram aos juros previstos?

O BNDES montou dois mecanismos de fiscalização. O estabelecimento comercial terá que apresentar relatórios trimestrais, auditados por empresa externa, informando quantos micros foram comprados, por que preço, quantos foram vendidos e qual foi a taxa de juros.

Lojas já reduziram preços e procura é crescente

Além disso, a loja que entrar com o pedido de financiamento deve apresentar a nota do fabricante. O BNDES dará o dinheiro diretamente à indústria, à vista. O varejo terá seis meses de carência e até 24 meses para pagar.

Grandes redes, como o Ponto Frio e as Casas Bahia, já baixaram os preços do computador por causa do programa federal, antes mesmo de ele ser completamente implementado.

O Ponto Frio informou ter feito parcerias comerciais com a Kelow Computadores e o Grupo Positivo. Entre as máquinas disponíveis, há o NEO PC com processador Celeron. O preço médio é de R$1.299 à vista ou em 24 vezes de R$89,90.

Já o diretor de Produtos das Casas Bahia, Roberto Fulcherberguer, disse que no dia seguinte à edição da medida provisória que criou o programa, o preço do computador caiu de R$1.599 para R$1.399. A compra do equipamento, segundo ele, pode ser feita com uma entrada e 19 parcelas de R$99.

- Houve aumento significativo das vendas e a tendência é de que suba mais. A demanda é muito forte - disse ele.

Esse ânimo também é demonstrado por fabricantes.

- Nossa demanda aumentou 50% com esse programa - disse Hélio Rotemberg, da Positivo Informática.

Legenda da foto: CONSUMIDOR OBSERVA computador popular em supermercado: a conexão à internet agora será opcional