Título: Hackers tentam invadir site do Inep e prejudicam acesso a notas do Enem
Autor: Lordelo, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/12/2012, Vida, p. A12
O site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) foi alvo de um ataque hacker no início da tarde de ontem. A tentativa de invasão partiu de servidores localizados fora do País e visava a obter dados pessoais dos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O ataque sobrecarregou a página do Inep, o que intensificou as reclamações de estudantes que tentavam consultar suas notas no Enem de 2012, divulgadas por volta de 8h40.
Como medida de segurança, técnicos do Inep tiraram o site do ar entre 13h e 13h30 para blindar as informações dos candidatos. Durante a tentativa de invasão, a página do instituto registrou até 8 milhões de acessos simultâneos. Pela manhã, o pico de solicitações de acesso por minuto havia sido de 370 mil.
Para o especialista em crimes digitais Wanderson Castilho, "derrubar" o sistema deliberadamente é a última opção de quem sofre um ataque hacker. "Não dá para saber se o Inep fez isso porque tinha um sistema de segurança fraco ou porque o hacker tinha habilidade extraordinária."
O Inep diz que as informações pessoais dos estudantes foram preservadas. Segundo a assessoria de imprensa do instituto, a tentativa de invasão teve origem em servidores da Polônia e dos Estados Unidos. No início do mês, a presidente Dilma Rousseff sancionou leis que preveem penas para quem comete crimes eletrônicos no País.
Notas- Depois que o sistema voltou ao ar, mais estudantes conseguiram verificar suas notas no Enem. Até as 13H, cerca de 700 mil alunos entraram no sistema. Entre 13h30 e 16h, o número de consultas chegou a aproximadamente 840 mil. Às 18h, cerca de 1,95 milhão de candidatos tinham conferido sua pontuação na redação e nas quatro provas objetivas, de Linguagens e Códigos, Matemática, Ciências Humanas e da Natureza.
O exame foi aplicado em novembro para cerca de 4,1 milhões de pessoas em todo o País.
O Inep também divulgou ontem as notas mínimas e máximas de cada prova objetiva. Assim, os candidatos podem ter noção de seu desempenho em relação aos demais participantes.
Para facilitar a compreensão das notas, foi publicado um guia que explica como funciona a correção da parte objetiva do exame. As provas são montadas e avaliadas de acordo com a Teoria da Resposta ao Item (TRI), conjunto de modelos matemáticos que atribui peso às questões de acordo com seu nível de dificuldade. Dois candidatos que jacertaram o mesmo número de questões dificilmente terão a mesma média final,
Segundo o Inep, os candidatos terão acesso à correção de suas redações a partir de 6 de fevereiro de 2013, mas não será possível pedir vistas da nota.
Com o Enem, o estudante pode disputar vagas em instituições públicas de ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que receberá inscrições de 7 a 11 de janeiro. O Sisu oferecerá 129.279 vagas no primeiro semestre de 2013.
PARA LEMBRAR
Uma falha do Inep permitiu, em 3 de agosto de 2010, acesso livre de internautas aos dados pessoais de 12 milhões de inscritos nas três edições anteriores do Enem. Ao longo daquele dia, estudantes cadastrados tiveram informações como nome, RG, GPF, data de nascimento e nome da mãe expostos em links abertos no site do Inep. O Ministério da Educação (MEC) foi avisado pela reportagem do Estado sobre a falha, que levou horas para ser corrigida. As listas eram de uso interno do Inep e não deveriam estar disponíveis. Os links davam acesso aos arquivos com todos os inscritos das edições de 2007, 2008 e 2009, sem a necessidade de senha.