Título: Repressão exporta garimpeiros
Autor: Domingos, João ; Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2009, Nacional, p. A4

Reprimidos por leis ambientais cada vez mais duras, combinadas com ações da Polícia Federal e forte reação de povos indígenas, os garimpeiros brasileiros passaram nos últimos anos a atravessar a linha de fronteira.

Segundo levantamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), têm sido comuns as escaramuças na fronteira com Peru, Bolívia, Colômbia e Venezuela, além das Guianas, frequentemente invadidas por brasileiros. Em 1º de dezembro, a Venezuela expulsou cerca de mil garimpeiros ilegais, entre eles mais de 100 brasileiros.

O governo não tem dados precisos, mas estima-se que eles somam 200 mil, o equivalente ao efetivo do Exército. São nordestinos retirantes, sulistas aventureiros, trabalhadores sem-terra, desempregados urbanos e até foragidos da Justiça.

Estudo da Funai mostra que os garimpeiros praticam um modelo econômico altamente predatório. Após explorar os recursos minerais, deixam um cenário de terra arrasada, com núcleos remanescentes assolados por alta criminalidade, doenças, alcoolismo e prostituição. Sem contar a destruição ambiental.

Os conflitos com os povos locais são inevitáveis e, às vezes, sangrentos. Em abril de 2004, cansados de tentativas infrutíferas de impedir a destruição de sua reserva, guerreiros da etnia cinta-larga, em Rondônia, mataram 29 garimpeiros que invadiram a Reserva Roosevelt, em busca de diamantes.

O governo acaba de enviar ao Congresso projetos, como o Estatuto dos Povos Indígenas e mudanças na lei de extração mineral, que devem agravar esse quadro porque tornam ainda mais inviável o garimpo predatório.