Título: Ajuda é roubada em Mianmar, diz ONG
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2008, Internacional, p. A18

Segundo denúncia, junta desvia doações; Cruz Vermelha estima que quase 130 mil podem ter morrido no ciclone

AP E NYT

No mesmo dia em que a Cruz Vermelha ampliou drasticamente sua estimativa sobre o número de mortos no ciclone do dia 3 em Mianmar (ex-Birmânia), agências humanitárias afirmaram ontem que parte da ajuda internacional que chega ao país está sendo roubada, desviada ou estocada pela junta militar, no poder desde 1962.

Segundo a Cruz Vermelha, entre 68 mil e 128 mil pessoas podem ter morrido por causa do ciclone, um número muito maior do que o divulgado pelo governo (38.500). As Nações Unidas advertiram que mais pessoas podem morrer se o regime militar não distribuir a ajuda rapidamente entre os afetados - que, segundo a ONU, são mais de 2,5 milhões.

Um funcionário da ONU disse ontem que a junta birmanesa restringiu o acesso às áreas mais atingidas pelo ciclone Nargis, apesar dos apelos para que libere o trabalho das agências humanitárias estrangeiras. Por isso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou que enviará nos próximos dias seu encarregado de assuntos humanitários, John Holmes, ao país para tentar obter a cooperação do regime.

Os carregamentos com ajuda internacional continuavam chegando ontem, incluindo cinco aviões dos EUA. Diplomatas estrangeiros disseram que desconhecem o destino das doações, pois a junta está impedindo todos os estrangeiros, mesmo diplomatas e trabalhadores credenciados, de acompanhar a distribuição da ajuda após sua entrega.

Mas o diretor da Agência Adventista de Ajuda e Desenvolvimento em Mianmar, Marcel Wagner, disse que as doações estão sendo desviadas ou substituídas pelos militares por produtos de qualidade inferior.

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