Título: Alta do petróleo e dos alimentos já preocupa indústria
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/04/2008, Economia, p. B4

Sondagem da CNI revela que matéria-prima mais cara já é o 3º maior problema enfrentado pelas empresas

O aumento dos preços internacionais do petróleo e dos alimentos preocupa a indústria brasileira. A Sondagem Industrial do primeiro trimestre de 2008, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que o alto custo da matéria-prima já é considerado o terceiro maior problema enfrentado pelas empresas. Os setores que mais reclamaram são justamente os que dependem de commodities minerais (petróleo e aço) e de alimentos.

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Os setores de refino de petróleo, alimentos, matérias plásticas e químico são os mais afetados. O gerente da unidade de pesquisa da CNI, Renato Fonseca, avaliou que a elevação no custo da matéria-prima pode ser repassada para o consumidor nesses segmentos. Mas, para ele, não deve haver aumento generalizado porque aqueles setores que enfrentam competição acirrada com os importados têm dificuldades para repor suas margens de lucro.

A elevada carga tributária continua liderando o ranking de principais problemas da indústria, seguida pela competição acirrada de mercado. Na sondagem do quarto trimestre de 2007, o alto custo da matéria-prima estava em quinto lugar entre as grandes empresas e em quarto entre as pequenas e médias.

A pesquisa mostra que, mesmo reclamando da alta no custo da produção, a indústria pretende comprar mais matéria-prima nos próximos seis meses em razão da demanda aquecida e da inexistência de estoques elevados. Embora a pesquisa mostre que os empresários continuam otimistas em relação ao mercado doméstico, pela quinta vez consecutiva, há a expectativa de queda nas exportações para os próximos seis meses.

Os empresários indicaram ainda, na Sondagem, que a produção cresceu no primeiro trimestre sem pressionar o nível de utilização da capacidade instalada. O uso do parque industrial caiu de 80% no quarto trimestre de 2007 para 75% no primeiro trimestre de 2008. Segundo a CNI, essa informação sobre uso da capacidade tem base diferente da que é divulgada com os Indicadores Industriais, que devem sair na próxima semana e são mais utilizados para medir o nível de ocupação das empresas.

Embora seja normal uma queda no início do ano, a CNI destaca que a retração foi maior que a do primeiro trimestre de 2007, de 3 pontos porcentuais. Já o crescimento da produção contrariou a tendência de redução da atividade no primeiro trimestre. Para Fonseca, produção maior sem pressionar a capacidade instalada mostra aumento na capacidade produtiva da indústria.

Segundo ele, os investimentos em 2006 e 2007 estão maturando somente agora. O levantamento, no entanto, foi realizado antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa básica de juros para 11,75% ao ano, o que poderia mudar os planos de investimentos das empresas.

¿As empresas estão pensando nisso agora¿, disse Fonseca. Segundo ele, a decisão do Copom não deve ter afetado muito as expectativas nesse momento, mas, se o movimento se repetir, a decisão de investimento poderá ser afetada.

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