Título: Banco reajusta tarifa em até 183%
Autor: Freitas, Carolina ; Dolis, Rosangela
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/04/2008, Economia, p. B7

Em obediência à nova regra do BC, instituições divulgam tabelas com valores que serão cobrados pelos serviços

Carolina Freitas e Rosangela Dolis

As novas tabelas de tarifas divulgadas ontem pelos bancos em suas agências e sites na internet, em atendimento a norma do Banco Central (BC) que limitou o número de serviços que podem ser cobrados para movimentação de conta corrente e de poupança e ampliou os serviços gratuitos, embutiram reajustes de até 183,3%. Essa maior variação de valor foi encontrada na tabela do Banco Safra.

A instituição aplicou esse aumento na tarifa para fornecimento de talão de cheque desde janeiro do ano passado até o último reajuste, anunciado ontem para entrar em vigor em 30 de abril. Em janeiro, a tarifa por dez folhas de cheque no Safra custava R$ 6; daqui a um mês, custará R$ 17. Procurada pelo Estado, a assessoria de imprensa do Safra não respondeu até o fechamento desta reportagem.

As novas regras de tarifas bancárias foram regulamentadas pelo BC em dezembro, para entrar em vigor em 30 de abril. A intenção foi padronizar e limitar o número de serviços cobrados - o BC selecionou 20 serviços prioritários para a movimentação de conta corrente e de poupança que podem ser cobrados. Esses serviços tiveram o nome padronizado, para facilitar a comparação de tarifas em diferentes bancos. Além disso, o BC ampliou os serviços essenciais, que não podem ser cobrados. Outros serviços não ligados à movimentação da conta corrente e de poupança foram classificados como especiais e podem ser tarifados, entre eles, o aluguel de cofre.

Não há, no entanto, nenhuma imposição quanto aos valores. O assessor técnico da área de Ouvidorias da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), André Luís dos Santos, disse que a instituição não tem nenhum poder ou intenção de discutir valores com os bancos. ¿Tabelamento está fora de questão¿, afirmou.

A Febraban negou, no entanto, que os bancos tenham aplicado um tarifaço na entrada da nova regra, em atitude preventiva, porque daqui para frente os reajustes só poderão ocorrer a cada seis meses. O assessor técnico da instituição, Ademiro Vivan, disse que a maioria dos aumentos ficou abaixo da inflação e afirmou que a alta nos preços foi pontual. ¿Não há um reajuste generalizado, mas seria impossível que nenhuma tarifa fosse aumentada¿, comentou.

Em cinco grandes bancos pesquisados, a diferença nas tarifas já começa na abertura da conta corrente. Enquanto o Bradesco não vai cobrar confecção de cadastro para início de relacionamento, o Itaú divulgou uma tabela em que o custo é de R$ 150,00. Para a renovação do cadastro, as tarifas variam 113%. O serviço custará R$ 22,50 na CEF e R$ 48,00 no Santander.

Nesses bancos, dos nove serviços mais utilizados por pessoas físicas entre os 20 serviços prioritários listados pelo Banco Central e ligados à conta corrente e conta de poupança (ver tabela), a variação de preço chegou a 244,83%.

Essa diferença foi encontrada na tarifa para fornecimento de extrato mensal de conta de depósito à vista e de poupança quando o cliente faz a solicitação pessoalmente: a tarifa será de R$ 1,45 no Bradesco e de R$ 5,00 na Caixa Econômica Federal (CEF). Em terminal eletrônico ou na internet, o extrato custa de R$ 1,30 (Itaú) a R$ 2,50 (Santander), com variação de 92,30%.

A segunda maior variação de preço nas tarifas desses dez serviços foi de 207,69%, para saque de conta de depósitos à vista e de poupança também quando o cliente vai ao caixa, em vez de um terminal eletrônico. Esse saque vai custar R$ 1,30 no Itaú e R$ 4 na CEF. Quando o saque é feito em terminal eletrônico, a variação chega a 69,23% - R$ 1,30, no Itaú e R$ 2,20 no Santander.

Os correntistas podem comparar as novas tarifas em 11 bancos no site www. febraban-star.org.br.

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