Título: Reitor da Unifesp renuncia após acusação
Autor: Almeida, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/08/2008, Nacional, p. A13

Segundo TCU, Ulysses Fagundes Neto fez gastos irregulares de R$ 229 mil entre 2006 e 2007

Roberto Almeida

O reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulysses Fagundes Neto, renunciou ontem ao cargo após a revelação de gastos irregulares em suas viagens ao exterior entre 2006 e 2007 no valor de R$ 229.550,06.

Em carta ao ministro da Educação, Fernando Haddad, e aos professores da instituição, Fagundes alega que vai se afastar para ter dedicação plena à defesa. ¿Não caberia continuar exercendo o cargo de reitor com a atenção voltada para outros assuntos¿, argumentou.

Os gastos irregulares do reitor, apontados em relatório técnico do Tribunal de Contas da União (TCU), foram revelados em reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo a reportagem, técnicos do TCU analisaram 13 viagens de Fagundes ao exterior e encontraram compra de itens de luxo, desvio de finalidade, burla ao regime de dedicação exclusiva e realização de roteiros não autorizados ou com prazo superior ao estritamente necessário. Ele foi a Portugal, Inglaterra, França, China e Canadá. O relatório indica ainda que 11 das 13 viagens não tiveram relação com a função de reitor da Unifesp, mas sim com sua especialidade em pediatria e gastroenterologia.

Sob o olhar dos técnicos, Fagundes fez uso de recursos públicos para atender a interesses particulares, ferindo princípios da moralidade, impessoalidade, finalidade e economicidade. Ele era reitor da Unifesp desde 2003 e já havia sido surpreendido pelo escândalo dos cartões corporativos.

Segundo o TCU, o relatório dos técnicos que aponta as irregularidades ainda passará pelos ministros, que darão seus pareceres. Não há prazo definido para a decisão final.

Com a saída de Fagundes, o vice-reitor Sérgio Tufik responderá interinamente pela gestão da Unifesp e terá 60 dias para efetivar o processo de escolha do novo titular.

CARTÕES

Em abril deste ano, Fagundes caiu na malha fina dos cartões corporativos. Comprou à custa do governo federal calçados no exterior, equipamentos eletrônicos e pagou jantares.

Na ocasião, admitiu os gastos, disse que foi um ¿equívoco¿ e devolveu R$ 85 mil referentes aos gastos de 2006 e 2007 com o intuito de apaziguar os ânimos dos estudantes, que protestavam e pediam sua saída do cargo.